Nome histórico da indústria automóvel espanhola, mas bem conhecido noutras latitudes, Portugal incluído, a Santana está de regresso ao ativo. O “renascimento” oficial da marca fundada, em 1956 (então, sob a designação Metalúrgica de Santa Ana), em Linares, na província andaluza de Jaén, aconteceu, com as compreensíveis pompa e circunstância, no início de presente mês de dezembro, numa cerimónia que assinalou, igualmente, o regresso à produção da sua unidade fabril instalada na mesma cidade.
O objetivo? Por um lado, manter viva a “lenda”, que fez a fama da Santana. E, por outro, recuperar o protagonismo, como sempre foi seu timbre, no fabrico de veículos robustos, tecnológicos, e preparados para qualquer tarefa. Recorde-se que, após um início de atividade dedicado à produção de maquinaria agrícola, das suas linhas de montagem começou a sair, em 1961, o Land Rover Santana, produzido sob licença da marca britânica, e com base no Defender de então – modelo que, inclusivamente, chegou a ser exportado para os mercados da América do Sul, África e Médio Oriente.
Um ano mais tarde, o negócio diversificou-se com o início da produção de caixas de velocidades para a fábrica da Citroën em Vigo; e, em 1985, um acordo com a Suzuki permitiu que nas suas instalações passassem a ser fabricados os modelos Samurai, Vitara e Jimny – a parceria durou até 2009, tendo a marca japonesa chegado a deter uma participação de 83,75% na empresa, numa altura em que a Land Rover havia já saído (em 1989) do respetivo capital. Do seu historial fazem ainda parte o Santana Aníbal (modelo baseado no Defender), assim como os Iveco Massif e Campagnola, produzidos em Linares, na sequência do acordo firmado, em 2006, com a marca italiana. Em 2011, e perante os prejuízos financeiros acumulados, os trabalhadores optaram, em votação, por esmagadora maioria, pela dissolução da empresa, entretanto adquirida pelas autoridades andaluzas após o terminus do acordo com a Suzuki (pelo meio acabando por estar envolvida no célebre caso de corrupção política ERE que envolveu a Junta da Andaluzia).





Agora, e obedecendo à “nova ordem mundial” do sector automóvel, a Santana regressa à vida graças à parceria estabelecida com a joint-venture Zhengzou Nissan (detida em partes iguais pela chinesa Dongfeng e pela marca japonesa, a primeira criada entre fabricantes destes dois países) e à aliança estratégica de colaboração assinada com o BAIC Automotive Group, um dos maiores fabricantes de automóveis da China, detido pelo respetivo governo.
No âmbito da segunda, será produzida e comercializada uma completa gama de veículos de todo-o-terreno de passageiros (montados na Santana Factory a partir de meados de 2026), formada por dois SUV de médio porte, um SUV compacto, e dois SUV de grandes dimensões, os quais serão introduzidos no mercado, de forma progressiva, entre 2026 e 2028. Ao abrigo da primeira, estão já a ser produzidas as versões híbrida plug-in e a gasóleo de uma pick-up baseada na Nissan Frontier, e comercializada noutras paragens pela Dongfeng, que fornece a respetiva plataforma, as quais, mesmo não estando ainda definidos os respetivos preços para o mercado português, têm já garantida a sua chegada a Portugal, assim como a outros mercados do sul da Europa considerado estratégicos pela marca espanhola, como sejam Itália, Andorra e Gibraltar.
No caso da Santana 400 PHEV, a motorização conjuga um motor 1.5 a gasolina com um motor elétrico e uma bateria com 32 kWh de capacidade, para um rendimento combinado de 429 cv e 800 Nm, e uma autonomia de até 120 km em modo 100% elétrico (total superior a 1000 km), sendo os 0-100 km/h cumpridos em 6,5 segundos, e iniciando-se os preços, em Espanha, nos €40 000. Já a Santana 400D recorre a um motor 2.3 turbodiesel de origem Nissan, com 190 cv e 500 Nm, ao qual pode estar acoplada uma caixa manual de seis velocidades, ou automática de oito relações de origem ZF, sendo os 0-100 km/h cumpridos 9,1 segundos, e a autonomia de 848 km, para preços que se iniciam, mais uma vez, em Espanha nos €29 900.





Comuns a ambos as variantes são as generosas dimensões exteriores (5520 de comprimento, 1960 mm de largura, 1950 mm de altura, e 3300 mm de distância entre eixos); a volumetria da caixa de carga superior a 1100 litros; a capacidade de carga de mais de 800 kg, e de reboque de 3200 kg; a tração integral mecânica com três diferenciais (o traseiro eletronicamente bloqueável em opção); a altura ao solo de 240 mm; os ângulos característicos (ataque de 31°, saída de 26°; ventral de 39°); a passagem a vau de 800 mm; os oito modos de condução (vários deles específicos para o todo-o-terreno) e os 28 sistemas de assistência à condução. No interior, a principal nota de destaque vai para os dois ecrãs que servem enquanto painel de instrumentos digital (10,25”), e monitor de comando do sistema de infoentretenimento (14,6”), para a ampla habitabilidade, e para um “notável nível de conforto”, a fazer fé nas palavras dos responsáveis da Santana.
Por fim, mas sinal do empenho da marca espanhola neste seu renascimento, nota para a participação da Santana Racing Team, com um protótipo pilotado por Jesús Calleja, tendo Edu Blanco, CEO da Santana Motors, como copiloto, na próxima edição do Rally Dakar, a mais dura prova de todo-o-terreno do mundo, que, em 2026, decorrerá entre 3 e 17 de janeiro.









