Já pode ser adquirido em Portugal o novo Mitsubishi Grandis, modelo que (re)confirma a estratégia que a marca, representada em Portugal pela Astara, definiu para se manter presente no mercado europeu, depois de, em plena época da COVID-19, ter chegado a anunciar a sua saída do mesmo, mas rapidamente recuando nessa intenção. Por outras palavras, e, mais uma vez, tirando partido da sua integração na Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o que o fabricante nipónico fez foi dar o nome de um modelo emblemático do seu historial (no caso, o monovolume produzido entre 2003-2011) a um automóvel que, na prática, é, basicamente, um clone de um seu congénere da Renault (leia-se: o Symbioz).
No fundo, o mesmo que havia já sucedido com o Colt e o Clio da anterior geração (com o lançamento da sexta geração do utilitário gaulês, o seu homólogo “japonês” tem fim de carreira já aprazado para meados de 2026), assim como com o ASX e o Captur – e o próximo capítulo desta história terá início muito breve, com a chegada ao mercado nacional do novo Eclipe Cross EV, primeiro automóvel 100% elétrico da nova geração da casa dos três diamantes, que tem no Scénic o seu “gémeo” francês. Sublinhe-se, por um lado, que tudo isto acontece porque foi a única forma encontrada pela Mitsubishi de poder dispor, num curto espaço de tempo, e com uma pequena fração do montante que seria necessário dispender para criar a mesma quantidade automóveis totalmente novos, de uma gama adaptada às necessidades e às exigências dos consumidores do Velho Continente; e, por outro, que o construtor de Tóquio anunciou há já algum tempo ser esta uma fase de transição, prevendo dentro de alguns anos contar com novos modelos muito mais personalizados, e identificados com o seu “ADN”.





Quanto ao Grandis, produzido na mesma linha de montagem da fábrica de Valladolid de onde também sai o Symbioz, partilha com este a esmagadora maioria dos componentes (desde logo, a plataforma CMF-B), sendo meros pormenores aquilo que os distingue – pouco mais do que a grelha frontal; os grupos óticos exteriores; as jantes; o volante; e os emblemas específicos (logótipo da marca e nome do modelo) aplicados na carroçaria, nas tampas dos cubos das rodas, e no habitáculo. Também não surpreendo que praticamente todos os defeitos e virtudes do SUV compacto de tração dianteira francês sejam comuns ao seu homólogo comercializado pela Mitsubishi (ou vice-versa…).
Ainda assim, há algumas diferenças importantes a reter em termos de posicionamento comercial. Por exemplo, no caso do Grandis, a oferta de motores está limitada ao quatro cilindros a gasolina de 1,3 litros e 140 cv com tecnologia mild hybrid, proposto com caixa manual de seis velocidades, ou pilotada EDC de dupla embraiagem e sete relações (no Renault, a oferta inclui, ainda, o 1.8 full hybrid de 160 cv). Do mesmo modo que existe apenas um nível de equipamento (Intense), contra os três disponibilizados pelo Symbioz (Evolution e Techno na versão de 140 cv, Esprit Alpine na variante de 160 cv).
Porventura mais importante, a garantia geral, de três anos no Symbioz, e de oito anos ou 160 000km no Grandis. Podendo aqui residir, e numa lista de equipamento de série bastante extensa, a justificação para um preço de lançamento “chave na mão” de €31 990 para a versão manual, e de €34 990 para a versão automática (desde €29 640 e €32 640, respetivamente, no caso do seu “parente” da Renault).









