Para comemorar os 90 anos do VW Carocha, o Automóvel Clube de Portugal (ACP) e a câmara Municipal de Leiria, reuniram para a realização do Carocha Fest, o maior encontro nacional dedicado ao icónico modelo da VW
O Carocha Fest terá lugar a 28 de junho, no Jardim da Almuinha Grande, em Leiria, e promete juntar centenas de entusiastas e exemplares do clássico Carocha.
O encontro de VW Carocha destina-se a todos os que conduzem ou são proprietários de conhecido modelo da VW, sejam ou não membros de clubes ou grupos relacionados com o modelo.
Recorde-se que foi a 3 de setembro 1935, que o mundo viu pela primeira vez o protótipo do VW Carocha. Este dia marcou o início de uma era na indústria automóvel, com o veículo a ser revelado como um projeto que prometia revolucionar a mobilidade na Alemanha e, mais tarde, no mundo.
O VW Carocha, que inicialmente foi conhecido como KdF Wagen, em referência à organização nazi KdF (Kraft durch Freude), destacava-se pelo seu motor boxer de quatro cilindros, arrefecido a ar, com 986 cc e 24 cv. No entanto, o seu percurso de produção seria abruptamente interrompido pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, que redirecionou os esforços industriais para o esforço de guerra.
Após o fim do conflito, em 1945, o projeto foi revitalizado sob a administração britânica que controlava a região de Fallersleben, onde a fábrica da Volkswagen estava localizada. Em agosto desse ano, a autoridade militar britânica decidiu retomar a produção do Carocha, com o objetivo de equipar as forças aliadas vencedoras com 20 mil unidades. A produção reiniciou em dezembro de 1945, marcando o renascimento do Carocha.
A internacionalização do Carocha começou em 1947, quando os irmãos Pon, da Holanda, fizeram a primeira encomenda internacional de 56 unidades. Este foi o ponto de partida para a exportação do modelo, que rapidamente ganhou popularidade em todo o mundo.
No ano seguinte, em 1948, as primeiras unidades chegaram aos Estados Unidos, onde o Carocha se tornaria um fenómeno de vendas.
Em Portugal, o modelo rapidamente ganhou o apelido de “Carocha”, um nome que se tornou parte da identidade do modelo em terras lusas. Em outros países, o nome variava: Käfer na Alemanha, Cocinelle em França, Beetle em Inglaterra, Escarabajo em Espanha, Maggiolino em Itália, Fusca no Brasil e Vocho no México. Na década de 1950, o Carocha já era um carro mundial, exportado para 86 países. Em 1955, a Volkswagen celebrou a produção do milionésimo Carocha, e em menos de uma década, esse número já ultrapassava os seis milhões.
Ao longo das décadas, o Carocha consolidou-se como um dos automóveis mais reconhecidos e amados no mundo. Em 1972, com 15.007.034 unidades produzidas, ultrapassou o recorde do Ford T como o carro mais fabricado de sempre. A produção continuou até 1978 na Alemanha, mas o Carocha continuaria a ser produzido noutros países, nomeadamente no México e no Brasil.
Em Portugal, o Carocha foi montado entre 1964 e 1981, contribuindo para um total de 63 mil exemplares vendidos no país. Globalmente, foram fabricadas 21.529.464 unidades, com a produção a atingir o seu auge entre 1968 e 1973, com 1,2 milhões de unidades por ano.
A despedida oficial do Carocha teve lugar a 30 de julho de 2003, na fábrica de Puebla, no México, onde foi produzido o último exemplar da série especial “Última Edición”.
Este último Carocha é agora uma peça de museu na Alemanha, mas o seu legado vive ainda em milhões de veículos que continuam a circular por todo o mundo.