A segunda passagem de Daniel Ricciardo na Fórmula 1 era esperada como um arco de redenção, mas, em vez disso, transformou-se numa montanha-russa de momentos de brilhantismo e inconsistência frustrante. O diretor da equipa Racing Bulls, Laurent Mekies, admitiu agora que a equipa tem alguma responsabilidade pelas dificuldades do australiano, reconhecendo que falharam em manter Ricciardo consistentemente na “zona doce” necessária para o sucesso.
Um Regresso Perturbado
Ricciardo regressou à F1 com grandes esperanças de recuperar um lugar na equipa principal da Red Bull, mas o seu tempo com os Racing Bulls em 2024 foi tudo menos suave. Após um regresso perturbado em 2023, Ricciardo pretendia restabelecer-se como um piloto de topo. No entanto, embora tenha tido performances de destaque—como um quarto lugar na Sprint de Miami e uma sessão de qualificação impressionante no Canadá que o colocou entre os cinco primeiros—esses momentos foram exceções, não a regra.
A inconsistência acabou por arruinar as suas esperanças de substituir Sergio Perez na Red Bull, com Ricciardo a ser dispensado seis corridas antes do final da temporada. No final da temporada, foi o novato Liam Lawson quem garantiu o cobiçado lugar na Red Bull ao lado de Max Verstappen, deixando o futuro de Ricciardo na F1 incerto.
Mekies: “Partilhamos a Culpa”
Em uma entrevista à Autosport, Mekies admitiu que a incapacidade da equipa em proporcionar a Ricciardo as condições adequadas contribuiu para as suas atuações abaixo do esperado.
“A pergunta que nos foi feita com mais frequência foi: ‘Pode Daniel ainda produzir a velocidade máxima que já vimos?’” disse Mekies. “Eu acho que ele conseguiu em algumas ocasiões, em Miami, no Canadá, e em bastantes outras corridas. Mas para a equipa, assim como para os pilotos, a maior dificuldade não é ser rápido num dia—é ser rápido em todas as corridas.”
Reconhecendo as suas falhas, Mekies acrescentou:
“Conseguimos manter Daniel nesse ponto ideal com a frequência necessária? Não, essa é a realidade. Levantei a mão, e nós levantámos as nossas mãos como equipa porque temos uma grande parte a desempenhar nisso. E isso levou ao que aconteceu.”
Experiência em vez de Exposição?
A decisão da Racing Bulls de trazer Ricciardo de volta não foi isenta de controvérsia. Os críticos argumentam que a mudança negou a Liam Lawson uma exposição adicional ao mais alto nível, experiência que poderia tê-lo preparado ainda melhor para a sua eventual promoção à Red Bull.
Mas Mekies defendeu a decisão, enfatizando o valor que Ricciardo trouxe à equipa através da sua vasta experiência e feedback técnico.
“Houve um enorme benefício para a equipa e para Yuki [Tsunoda] em termos do feedback técnico de Daniel, da direção de desenvolvimento e da abordagem para vencer corridas,” disse Mekies. “Ter alguém que sabe como é estar numa equipa que ganha corridas e luta por campeonatos é estabelecer a referência. Isso conta muito num momento em que se está a tentar construir a equipa e a apontar para melhores resultados.”
Mekies também destacou o impacto de Ricciardo no colega de equipa Yuki Tsunoda, elogiando a relação colaborativa entre eles e como isso ajudou o piloto japonês a crescer.
O que vem a seguir para Ricciardo?
Enquanto a Racing Bulls reconhece o seu papel nas dificuldades de Ricciardo, o seu futuro na Fórmula 1 permanece incerto. Apesar dos seus momentos de brilho, o vencedor de oito Grandes Prémios enfrenta agora um ponto de viragem na sua carreira. Entretanto, a Racing Bulls avança com Lawson, que provou estar pronto para o palco principal, deixando Ricciardo a considerar o que vem a seguir.
Como resumiu Mekies:
“Houve lições aprendidas de ambos os lados, mas, no final, não conseguimos alcançar o que todos esperávamos com Daniel.”
A saga da jornada de Daniel Ricciardo na F1 pode não estar terminada, mas as reflexões dos Racing Bulls pintam um quadro agridoce de um talento que lutou para brilhar de forma consistente num ambiente desafiador. Os fãs só podem esperar que este não seja o capítulo final na notável carreira de Ricciardo.