A face obscura da Fórmula 1: Como a aerodinâmica está a matar a emoção das corridas
Os fãs da Fórmula 1 assistiram a um Grande Prémio do Japão sem brilho, enquanto os carros lutavam para ultrapassar devido à baixa degradação dos pneus e ao notório problema do ar sujo que assola o desporto. A dificuldade em ultrapassar em circuitos como Suzuka foi exacerbada pela incapacidade dos carros de seguir de perto e de utilizar eficazmente as zonas de DRS.
O conceito de reduzir a aerodinâmica ‘overbody’ na atual geração de carros de F1 deveria tornar as corridas mais emocionantes, permitindo que os carros seguissem uns aos outros de perto sem perder downforce. No entanto, a realidade parece ser precisamente o oposto. Os complexos designs aerodinâmicos dos carros modernos criaram inadvertidamente uma enorme turbulência, tornando difícil para os pilotos chegarem perto o suficiente para tentar uma ultrapassagem.
Estudos mostraram que os carros podem perder até 47% da sua downforce quando seguem a menos de 10 metros de outro carro, e 35% a 20 metros. Esta perda de downforce não só afeta o desempenho do carro, mas também leva a um aumento do desgaste e degradação dos pneus, dificultando ainda mais as oportunidades de ultrapassagem.
As equipas têm explorado lacunas nas regulamentações para melhorar o desempenho dos seus carros, sacrificando a capacidade de correr lado a lado como inicialmente pretendido pelas alterações nas regras. Inovações como asas dianteiras modificadas e designs intrincados do chão apenas aumentaram o rasto turbulento atrás dos carros, criando um ciclo vicioso de ar sujo que prejudica as corridas.
O diretor da equipa McLaren, Andrea Stella, destacou a questão crescente, afirmando: “No final, continuamos a adicionar downforce aerodinâmica, o que significa que as perdas são ainda maiores.” A busca pelo desempenho aerodinâmico transformou os carros de F1 em máquinas aerodinâmicas de alta velocidade que lutam para seguir uns aos outros de perto sem perder desempenho significativo.
O desporto está numa encruzilhada, com discussões sobre a introdução de aerodinâmica ativa e sobreposições da unidade de potência para melhorar as oportunidades de ultrapassagem no futuro. No entanto, até lá, os fãs podem esperar mais corridas onde o problema do ar sujo reina supremo, sufocando a emoção e a ação lado a lado que tornam a Fórmula 1 verdadeiramente emocionante.