Está pronto a ser desvendado, e até já tem nome, o primeiro superdesportivo de produção em série do maior construtor automóvel do mundo. A avaliar pela sigla que surge na placa de matrícula da unidade que protagoniza o filme publicitário destinado ao mercado japonês, e onde é possível vê-lo, pela primeira vez, se não na integra, pelo menos sem camuflagem, chamar-se-á Toyota GR GT, e tem revelação oficial agendada para a próxima sexta-feira, 5 de dezembro (a qual pode ser acompanhada em direto através do canal do YouTube da marca japonesa), pouco mais de um mês antes da sua estreia em público, no Salão de Tóquio, que decorrerá de 9 a 11 de janeiro de 2026.
Nesse mesmo filme publicitário, gravado no circuito japonês Fujiu Speedway, a Toyota faz questão de recordar o legado da sua nova coqueluche. Em primeiro lugar surge, e faz-se ouvir, o lendário 2000GT, um verdadeiro ícone da história da Toyota: com não mais do que 351 unidades produzidas entre 1967 e 1970, e desenvolvido em colaboração com a Yamaha, é tido como como o primeiro superdesportivo nipónico, sendo, por muitos, considerado como o modelo que mudou a perceção que o mundo tinha dos automóveis japoneses, e como o primeiro a ombrear com propostas de marcas já na época com grande tradição no universo dos desportivos, como o Porsche 911 ou o Jaguar E-Type. Aliás, o visual exterior, marcado por linhas elegantes e fluídas, em que se destacavam os faróis dianteiros escamoteáveis, não deixava de evocar o seu rival britânico de então, ao mesmo tempo que o motor de seis cilindros em linha de 2,0 litros, com dupla árvore de cames à cabeça, e cerca de 150 cv de potência, permitia-lhe ser bastante veloz para aqueles tempos, como o provam a velocidade máxima de 215 km/h, e os 0-100 km/h cumpridos em pouco mais de 8,5 segundos.

De regresso ao referido filme, e em plena aceleração, o 2000GT é ultrapassado pelo Lexus LFA, o superdesportivo da divisão de luxo da tToyota, lançado em 2010, e do qual foram fabricados, em cerca de dois anos, os 500 exemplares a que foi limitada a respetiva produção (a que há que acrescentar as cinco dezenas de unidades produzidas da versão LFA Nürburing, com 570 cv e uma aerodinâmica mais apurada, para um desempenho ainda mais eficaz, sobretudo em circuito). A par do visual impressionante, o Lexus mais extremo de sempre contava com uma estrutura construída em plástico reforçado com fibra de carbono, e com um poderoso motor 4.8-V10 atmosférico (curiosamente, desenvolvido em colaboração, também, com a Yamaha), capaz, não só, de debitar 552 cv (para uma velocidade máxima de 325 km/h, e uma aceleração 0-100 km/h cumprida em 3,7 segundos), como de emitir uma sonoridade digna de um automóvel de competição.


À medida que o filme em questão se aproxima do seu fim, e como não poderia deixar de ser, o LFA é ultrapassado pelo novo Toyota GR GT, cuja sonoridade não é tão gloriosa quanto a do V10, mas não deixa de ser música para os ouvidos dos amantes deste género de proposta. Pela primeira vez, é possível observá-lo sem camuflagem, pese embora as imagens tenham sido escurecidas o suficiente para que não sejam visíveis alguns elementos de design específicos. Ainda assim, são evidentes o capot proeminente, a curta projeção traseira, e uma assinatura luminosa que faz lembrar a derradeira geração do Toyota GR010 Hybrid que venceu por quatro vezes consecutivas o Campeonato do Mundo de Resistência da FIA (2021-2024), e por duas vezes consecutivas as 24 Horas de Le Mans (2021-2022).
Aliás, esta ligação ao mundo das corridas deverá ir muito para além do estilo. Desenvolvido pela Gazooo Racing, a divisão desportiva e de competição da Toyota, é praticamente garantido que o Toyota GR GT será animado por um novo 4.0-V8 biturbo, montado em posição “central dianteira” (leia-se, atrás do eixo da frente), ficando por saber se contará, ou não, com um sistema híbrido de alta performance para oferecer uma potência que, ao que tudo indica, situar-se-á na casa dos 700 cv, transmitidos exclusivamente às rodas traseiras – não restando, contudo, grandes dúvidas, porventura desapontando os mais puristas, que a caixa de velocidades será automática, e não manual.

Mas as novidades que a marca japonesa terá para mostrar no final desta semana não se limitarão ao novo Toyota GR GT, como o prova a fotografia que anuncia o evento. Na mesma ocasição, deverá ser, enfim, dada a conhecer a sua derivação de competição, o Toyota GR GT3 com homologação FIA (à direita na imagem), antecipado, há já quase quatro anos, pelo protótipo com o mesmo nome, igualmente apresentado no Salão de Tóquio, desta feita na sua edição de 2022. Assim como um novo superdesportivo da sua divisão de luxo, muito provavelmente a versão de produção, quase certamente também servida pelo novo V8, do Lexus Sport Concept (à esquerda na imagem), protótipo desvendado, em agosto passado, na Monterey Car Week.
Praticamente seguro é, ainda, que o “coração” destas três novas criações será, posteriormente, aplicado noutras propostas do “gigante” nipónico, algumas não tão exuberantes – mas sendo possível que do lote também faça parte a versão definitiva do imponente Century Coupé, revelado na forma de protótipo, no passado mês de outubro, no Salão da Mobilidade de Tóquio.









