O renascimento do Citroën 2CV, mesmo se numa reinterpretação moderna do ícone que a casa do double Chevron produziu de 1948 a 1990, pode mesmo concretizar-se. Mas não de forma semelhante à adotada por Fiat, Mini ou Renault, para fazer “ressuscitar” nomes como os do 500, Panda, Mini, R4 ou R5. Significa isto que, confirmando-se haver luz verde para o projeto avançar, o modelo não terá um visual reminiscente do original.
De acordo com Xavier Chardon, CEO da marca francesa, propriedade do grupo Stellantis, o investimento na “mobilidade acessível”, a razão que estará por detrás do desenvolvimento da eventual interpretação do século XXI da lenda que terminou em Portugal, na fábrica de Mangualde, de 1988 a 1990, a sua carreira no que à produção diz respeito, é bem mais importante do que o visual exterior ou o formato da carroçaria. O sucesso de automóveis revivalistas, como o Fiat 500 ou o Renault 5, demonstra que a fórmula é atrativa para um número significativo de clientes, mas a Citroën não parece disposta a trazer de volta o 2CV, nem mesmo adaptado aos tempos modernos.

O anterior CEO da marca, Thierry Koskas, admitiu essa possibilidade, mas o seu sucessor, no cargo desde maio passado, considera que é mais importante o espírito do 2CV, e não reinterpretar o design do original: “O 2CV é um símbolo da Citroën, mas temos de perceber as razões por detrás do estatuto. A história do modelo começou ainda antes da II Guerra Mundial. À época, a marca era propriedade da Michelin, que pretendia desenvolver um automóvel que garantisse a venda de mais pneus. Depois do conflito, o objetivo e o propósito mudaram, a democratização da mobilidade individual tornou-se muito mais importante. A filosofia original é a parte mais relevante do legado do 2CV”.
A possibilidade de recuperar o conceito do 2CV ganhou mais força com a possível criação de uma nova categoria de automóveis elétricos acessíveis na Europa. “Há espaço para esse tipo de interpretação, para encontrar uma proposta de mobilidade individual sustentável e acessível. A filosofia do 2CV pode inspirar-nos na forma como projetamos o nosso futuro”, concluiu Xavier Chardon.









