A dominação no automobilismo é uma espada de dois gumes. Para os fãs do piloto vencedor, é emocionante; para todos os outros, é monótono. O fenómeno polariza o público, com um grupo a delirar com os triunfos do seu herói e o outro a tornar-se cada vez mais amargo. Poucos atletas compreendem este paradoxo melhor do que a lenda da NASCAR Jimmie Johnson. E agora, a experiência de Johnson parece ressoar na carreira de Max Verstappen, a força reinante da Fórmula 1.
Johnson, que conquistou sete campeonatos da NASCAR, recentemente falou sobre as dificuldades da excelência sustentada durante uma entrevista ao High Performance. As suas reflexões ofereceram uma rara visão sobre os desafios únicos de dominar um desporto, e as suas palavras trazem lições valiosas para Verstappen, que está a navegar por um caminho igualmente polarizador na Fórmula 1.
Jimmie Johnson e Max Verstappen: A História de Dois Titãs
Questionado se via paralelos entre a sua jornada e a de Verstappen, Johnson não hesitou. “Acho que talvez, sim,” disse Johnson. “Haverá pontos comuns ao longo do caminho, especialmente se ele continuar e atingir sete ou oito [campeonatos].”
Verstappen, com apenas 27 anos, já conquistou quatro Campeonatos Mundiais de F1 consecutivos e não mostra sinais de abrandar. A sua dominância implacável na pista tem gerado comparações com a era de supremacia de Johnson na NASCAR. No entanto, ambos os pilotos enfrentaram uma reação inquietante por serem “bons demais”. Fãs e média criticaram a postura estoica de Verstappen, apelidando-o de “T-5000” pela sua abordagem calculada e aparentemente sem emoções em relação às corridas—uma experiência que Johnson conhece demasiado bem.
“Pensavam que eu era um robô,” recordou Johnson. “Fui chamado de ‘baunilha’ durante muito tempo… Li comentários como, ‘És muito aborrecido, só ganhas.’ E eu pensava, ‘Deus, deve ser horrível ser eu.’”
Por Que Ganhar Afasta os Fãs
Há uma ironia cruel na dominância. O que os fãs inicialmente admiram muitas vezes se transforma em ressentimento. Johnson notou como a sua postura séria e focada—destinada a elevar o seu desempenho—alienou segmentos do público da NASCAR. Verstappen enfrenta uma escrutínio semelhante, com alguns a acusá-lo de tornar a F1 “aborrecida” e previsível.
No entanto, como Johnson enfatizou, a reação muitas vezes diz mais sobre os fãs do que sobre o atleta. “As pessoas querem ver competição. Quando alguém ganha demais, é natural que outros torçam contra. Faz parte do jogo.”
Os Números Não Mentem: O Caminho de Verstappen para a Grandeza
Tal como Johnson, as conquistas de Verstappen são impressionantes. Ele já detém o recorde de maior número de vitórias numa única temporada de F1, superando lendas como Michael Schumacher e Sebastian Vettel. Com a Red Bull a produzir consistentemente carros de calibre campeão, Verstappen está preparado para desafiar os recordes de Lewis Hamilton e Schumacher, ambos campeões sete vezes.
No entanto, Verstappen insiste que não está a perseguir esses números. “Não. Não estou interessado em ganhar sete ou oito títulos,” disse Verstappen. “Se tiver o carro para isso, ótimo. Mas mesmo que não aconteça, estou feliz—já estou feliz, por isso está tudo bem!”
O Que Verstappen Pode Aprender com Johnson
A carreira de Johnson serve tanto como um aviso quanto como uma fonte de inspiração para Verstappen. Embora as críticas tenham doído, Johnson acabou por abraçar o seu papel como uma figura dominante na história da NASCAR. Ele aconselhou Verstappen a focar na jornada, e não no barulho.
“É engraçado como as pessoas te veem,” disse Johnson. “Mas é importante lembrar porque estás a fazer isto. Ganhar exige tudo, mas também é incrivelmente gratificante.”
A jornada de Johnson mostra que os atletas mais dominantes frequentemente enfrentam o escrutínio mais severo—mas o seu sucesso fala por si. Para Verstappen, o caminho a seguir é claro: manter-se fiel à sua arte e deixar que os resultados falem.
Destinado ao Debate, Definido pela Grandeza
À medida que Verstappen continua a esculpir o seu legado, ele enfrenta as mesmas reações polarizadoras que Johnson suportou. Os fãs debaterão a sua dominância, os críticos chamá-lo-ão de aborrecido, mas a história lembrará os troféus.
No final, a história de Verstappen, assim como a de Johnson, lembra-nos de uma verdade simples: “Os que odeiam odeiam, os vencedores vencem.” Quer Verstappen iguale ou não os sete títulos de Schumacher, Hamilton ou Johnson, o seu impacto no desporto é inegável. Como Johnson disse de forma apropriada, “Podem odiar o quanto quiserem, mas nunca poderão negar o teu sucesso.”