Acabam de ser reveladas pela própria Mercedes as primeiras fotografias da futura versão descapotável do seu emblemático todo-o-terreno: o Classe G Cabrio. Como não espantará, numa altura em que o projeto está, ainda, em desenvolvimento, a marca da estrela é parca em detalhes acerca da sua novel criação, limitando-se a referir que se trata de uma variante que permitirá ampliar a gama do modelo nascido, na sua geração original, em 1979, e cujo lançamento comercial foi decidido na sequência da resposta muito positiva dos seus clientes aos primeiros detalhes e imagens que da mesma lhes foram dados a conhecer.
De igual modo, como se esperaria nesta fase do processo, o G Cabrio presente nas imagens agora libertadas é um protótipo de desenvolvimento, ainda bastante camuflado, além de apenas ser visível de traseira, e com a capota de lona colocada. Mas, ainda assim, o que também não constituirá surpresa, é notório que as suas linhas bastante geométricas não se afastam muito das da versão “fechada”, parecendo, igualmente, evidente, que a capota se prolonga do para-brisas dianteiro ao óculo posterior, o que deverá conferir ao veículo um perfil em forma de “L deitado” quando a mesma estiver removida.
A iniciativa do construtor de Estugarda surge na sequência de o novo G Cabrio, para assegurar que a experiência de condução com a capota aberta será digna dos pergaminhos do modelo, ter iniciado os seus testes dinâmicos na via pública, no caso em estradas austríacas, ou não fosse este um automóvel que, desde o primeiro exemplar, sempre foi produzido na fábrica da Magna Steyr, em Graz (capital do estado da Estíria, localizada a cerca de 200 km de Viena, e cidade natal de Arnold Schwarzenegger). Seguidamente, os protótipos rumarão à Suécia, para serem submetidos aos “incontornáveis” testes de inverno, onde serão aferidas as respetivas robustez, dinâmica de condução e fiabilidade nestas exigentes condições.


Naturalmente, espera-se que o novo G Cabrio partilhe a esmagadora maioria dos componentes com o seu “irmão” com tejadilho metálico, e, mesmo que a Mercedes nada tenha avançado nesta matéria, um olhar mais atento às fotografias agora libertadas permite perceber que o protótipo nas mesmas presentes monta um motor de combustão interna. O que poderá ser sinónimo de que não existirá uma derivação com capota removível do G 580 (com um motor elétrico por roda, 587 cv e 1164 Nm, 466 km de autonomia no ciclo combinado WLTP, e um preço a partir de €148 750), algo que, a confirmar-se, não deixará de ser de assinalar, já que, pelo menos em terras lusas, esta seria, sem dúvida, a versão mais acessível (ou menos dispendiosa…) do novo Classe G Cabrio. Podendo a explicação para tal residir, por um lado, nos custos de desenvolvimento, já que a plataforma da versão elétrica não é exatamente a mesma da das versões com motores térmicos; e, por outro, no potencial de vendas desta hipotética declinação, já que o novo Classe G Cabrio será o vendido a nível global, o que significa que também é o primeiro a ser comercializado no mercado norte-americano, adivinhando-se que alguns dos seus principais destinos não sejam, de todo, dos mais recetivos à mobilidade 100% elétrica…
Em face disto, fica por saber que motorizações serão disponibilizadas pelo Classe G descapotável, das três opções atualmente existentes na gama neste particular, todas conjugadas com tecnologia híbrida, capaz de fornecer, em determinadas condições, um adicional de 20 cv ao debitado pelo motor térmico. A saber: seis cilindros em linha turbodiesel de 3,0 litros com 367 cv e 750 Nm (G 450 d, proposto em Portugal a partir de €177 000); seis cilindros a gasolina turbocomprimido de 3,0 litros com 449 cv e 560 Nm (G 500, em Portugal a partir de €175 050); ou 4.0-V8 biturbo com 585 cv e 850 Nm (Mercedes-AMG G 63, desde €266 300 em Portugal).
De sublinhar que o lançamento do novo Classe G Cabrio, inquestionavelmente, um automóvel com elevado grau de exclusividade, porque ainda mais inacessível do que o “fechado” à esmagadora maioria das bolsas, terá lugar numa altura em que a Mercedes-Benz passa por um período de alguma agitação, com alguns acionistas a questionarem a estratégia definida, em 2022, pelo executivo sueco Ola Källenius. Então, o CEO e Presidente do Conselho de Administração da empresa desde 2019 decidiu que a melhor forma de garantir os resultados comerciais e financeiros desejados seria apostar no ultraluxo, algo, agora, contestado por vários investidores, que consideram que só uma reviravolta nessa política, por elevado que seja o risco que tal comporte, permitirá repor a companhia no caminho certo.


Seja como for, inevitável parece ser que, dez anos depois, voltará a existir uma versão descapotável de um dos maiores “mitos” de sempre do todo-o-terreno: criado por sugestão do Xá do Irão, Reza Pahlavi, enquanto veículo de uso militar (inclusivamente, chegou a ser produzido, sob licença, em França, enquanto Peugeot P4, e animado por um motor da marca francesa, para as forças armadas daquele país), o Classe G é, há já mais de quatro décadas e meia, uma referência incontornável, e uma das propostas mais reputadas, do seu segmento – conjugando, de modo ímpar, um visual inconfundível, e pouco modificado, no essencial, ao longo dos anos; invejáveis aptidões “TT”; e um nível de luxo e requinte típicos da Mercedes. O Classe G Cabrio é parte essencial deste legado, ao ter estado em produção desde o primeiro momento, em 1979, até 2013 – podendo considerar-se um seu “parente afastado” o inimitável Mercedes-Maybach G650 4×4 Landaulet, revelado no Salão de Genebra de 2017: com motor 6.0-V12 biturbo de 650 cv e 1000 Nm, transmissão e suspensões do G500 4×42, e capota parcialmente removível eletricamente (apenas sobre os lugares traseiros), a sua produção não foi além das 99 unidades, cada qual vendida, à época, por mais de 650 mil euros antes de impostos, sendo hoje (muito) difícil adquirir um exemplar por menos de 1,3 milhões de euros.









