A Lamborghini está a comemorar meio século da produção do primeiro Countach, modelo que contribuiu com uma página de glória para a história da marca de Sant’Agata Bolognese.
Foi em março de 1974 que teve início, na fábrica da marca a produção em série do Countach; um modelo que se tornou uma lenda, e manteve-se no mercado durante 16 anos.
O Countach foi o primeiro Lamborghini cuja carroçaria era fabricada internamente, com o trabalho de “bate-chapa” a ser efetuado à mão, e o primeiro cujos interiores foram produzidos pelo Lamborghini Upholstery Department (o departamento da marca dedicado aos revestimentos), uma autêntica revolução que, 50 anos mais tarde, se tornou numa tradição em Sant’Agata Bolognese.
A primeira versão do Countach, com 152 unidades produzidas, foi a LP 400 (1974-1978), com para-choques sem extensões, e tejadilho com um recesso central destinado ao espelho retrovisor, o que lhe valeu a alcunha de “Periscopio”. O modelo fazia uso de um motor V12 em alumínio que debitava uma potência de 375 cv às 8000 rpm.
O LP 400 S (1978-1982), com 235 unidades fabricadas, derivava diretamente do LP 400 especial, que o entusiasta canadiano Walter Wolf encomendou à Lamborghini. O LP 400 S era caracterizado pela adoção de pneus Pirelli de baixo perfil, extensões dos guarda-lamas, jantes tipo “disco de telefone”, e o apêndice aerodinâmico situado sob a secção dianteira. Esta configuração, embora melhorada, e mais bem integrada em versões posteriores, tornou-se na característica distintiva do Countach durante a década seguinte.
Mais tarde surgiu o 5000 S (1982-1984), de que foram produzidas 323 unidades, e com poucas alterações em termos estéticos, contava com um V12 com cilindrada aumentada: 4,8 litros. O Countach Quattrovalvole que se lhe seguiu (1985-1988), com 631 unidades, era visualmente caracterizado pela “bossa” no capot, necessária para albergar o motor de 5,2 litros, equipado com um sistema de distribuição de quatro válvulas por cilindro.
O Countach 25th Anniversary (1988-1990), com 658 unidades produzidas, foi criado para comemorar os 25 anos da fundação da empresa, e foi também dotado de um dos motores V12 em alumínio mais potentes da gama, que o debitava 455 cv às 7000rpm e envolveu uma revisão total dos apêndices aerodinâmicos do Countach. Também foram alteradas as tomadas de ar no para-choques traseiro, e alguns painéis, como os dos capots, que, pela primeira vez, foram fabricados em fibra de carbono. É de salientar que o sucesso comercial do Countach foi sempre em crescendo, e que foram as duas últimas versões produzidas as que registaram maior número de unidades vendidas, beneficiando da homologação obtida para venda do Countach no mercado americano.
Durante os anos em que esteve no mercado, o Countach foi o modelo que, além de ter sido colocado enquanto poster nas paredes de toda uma geração, e de ser utilizado em dezenas de filmes, permitiu à Lamborghini ser competitiva desde meados da década de 1970 até 1990, tornando-se, definitivamente, numa lenda.
Para celebrar os 50 anos da produção do primeiro Countach, a Lamborghini trouxe o primeiro Countach LP 400 de volta à linha de produção em que foi criado, e onde hoje é produzido o Lamborghini Revuelto, para a realização de uma sessão fotográfica que reúne o presente e o passado.
Meio século separa Countach do Revuelto, e, durante este tempo, os volumes também mudaram: nos 16 anos de produção do Countach, foram fabricadas 1999 unidades; os 11 anos de produção Diablo tiveram como resultado 2903 unidades; os nove anos do Murciélago geraram 4000 automóveis; os 11 anos do Aventador, mais de 11 000 exemplares produzidos.
Apesar destas diferenças, unidos pelo local de produção, existem muitas características comuns entre Countach e Revuelto. Em primeiro lugar, a configuração técnica geral é a mesma, com um motor de 12 cilindros montado em posição longitudinal traseira. Contudo, no Revuelto existe, também, o pack de baterias, o que levou a que a caixa de velocidades fosse deslocada para a traseira do motor V12. A configuração é a mesma, tal como as portas de abertura vertical do tipo “tesoura”, vistas pela primeira vez no Countach, antes de se tornarem num atributo distintivo dos Lamborghini V12. E o que é mais, nas características estilísticas, que mostraram uma extraordinária continuidade do Countach ao Diablo, e, depois, do Murciélago ao Aventador, a subtil linha visual que percorre a carroçaria, e tem início no para-choques dianteiro, passa pelo tejadilho, e termina no spoiler traseiro, e é conhecida como a “linha Countach”.
“Estamos orgulhosos por continuar a produzir os nossos superdesportivos no local onde o Countach foi criado”, comentou Ranieri Niccoli, Diretor de Produção da Lamborghini. “A produção mudou radicalmente desde então, e houve uma importante transformação de muitos aspetos, desde a produção do Countach até aos atuais modelos. Hoje, a nossa produção é muito diferente, por comparação com 1974, mas conserva os melhores aspetos, e reúne as competências manuais dos nossos operários e as melhores tecnologias disponíveis, dando origem à chamada Manifattura Lamborghini Next Level. O denominador comum entre a produção do Countach e os nossos automóveis de hoje é a atenção ao detalhe”.