Num surpreendente reviravolta no mundo da Fórmula 1, a FIA tomou uma decisão drástica em relação ao veterano comissário de corrida Johnny Herbert, citando uma “incompatibilidade” entre as suas funções de arbitragem e a sua carreira mediática franca. Mas por trás desta decisão esconde-se uma tempestade em erupção—uma que pode ter sido alimentada pelas suas críticas diretas ao estilo de condução agressivo de Max Verstappen e por uma divisão crescente dentro da hierarquia do desporto.
A demissão chocante de Herbert: Um confronto de poder e opinião
Durante mais de uma década, Johnny Herbert desempenhou um papel fundamental como comissário de corrida da FIA, trazendo a sua experiência como ex-piloto de F1 para a mesa de tomada de decisões. Simultaneamente, tornou-se uma cara familiar nos meios de comunicação do automobilismo, servindo como um analista mordaz para a Sky Sports F1.
No entanto, numa movimentação inesperada, a FIA cortou laços com o homem de 60 anos, declarando que o seu papel duplo criava uma “incompatibilidade” com os objetivos do organismo regulador. Esta decisão surge apenas meses depois de Herbert ter entrado em desacordo com o grupo de Verstappen—particularmente com o pai do holandês, Jos Verstappen—sobre a sua postura crítica em relação à agressividade de Max na pista.
Embora Herbert tenha mantido consistentemente que poderia separar o seu trabalho como comissário da sua função mediática, a FIA claramente pensou de outra forma. O organismo regulador emitiu uma declaração breve confirmando a sua demissão:
“É com pesar que anunciamos hoje que Johnny Herbert deixará de exercer a função de comissário piloto da F1 para a FIA. Johnny é amplamente respeitado e trouxe uma experiência e conhecimento inestimáveis para o seu papel. No entanto, após discussão, foi acordado mutuamente que as suas funções como comissário da FIA e como comentador da mídia eram incompatíveis.”
A rixa com Verstappen selou o destino de Herbert?
A saída de Herbert é uma bomba por si só, mas a especulação já corre solta de que as suas críticas públicas a Verstappen desempenharam um papel importante na sua queda. Herbert estava entre os poucos que questionaram abertamente o estilo de condução agressivo de Verstappen, particularmente após incidentes controversos em 2024.
O ponto de viragem pode ter sido o Grande Prémio do México, onde Verstappen recebeu duas penalizações de 10 segundos por colisões com Lando Norris—um incidente que Herbert considerou “inaceitável” na altura. A reação da leal base de fãs de Verstappen foi imediata, mas, mais crucialmente, colocou-o em oposição direta ao poderoso Red Bull e aos seus aliados dentro da FIA.
A cronologia da destituição de Herbert levanta sobrancelhas—especialmente dado o passado de relutância da FIA em disciplinar figuras intimamente associadas à Red Bull. Embora nenhuma conexão oficial tenha sido estabelecida, a percepção da situação alimentou a especulação de que a crescente influência de Verstappen no desporto pode ter desempenhado um papel na saída de Herbert.
Herbert quebra o silêncio: ‘Decisões difíceis têm de ser tomadas’
Após o anúncio da FIA, Herbert recorreu ao Instagram para emitir uma resposta composta, mas reveladora. Enquanto expressava gratidão pelos seus anos como comissário, não hesitou em insinuar a política interna por trás da decisão:
“Estou muito grato pela oportunidade de ser Comissário de Pilotos da FIA e desfrutei imenso do papel que desempenhei ao longo dos anos. É um trabalho difícil e há decisões difíceis que têm de ser tomadas. Como comissários, temos e continuaremos a tratar tanto os pilotos como o pessoal das equipas com o máximo respeito e a manter-nos imparciais em todos os momentos durante todos os fins de semana do Grande Prémio de F1.”
As suas palavras, embora profissionais, carregam um sutil tom de frustração. A expressão “decisões difíceis” e a sua ênfase na imparcialidade podem ser um ataque velado à forma como a FIA lidou com a situação—sugerindo que forças externas podem ter desempenhado um papel na sua demissão.
O que vem a seguir para Herbert? Um novo capítulo com a Lola Cars
Embora a sua passagem pela FIA possa ter chegado a um fim abrupto, Herbert não está a perder tempo e está a seguir em frente. Ele já assegurou um novo papel como Embaixador Global da Marca da Lola Cars, uma marca de corridas lendária que está a fazer um regresso audacioso à competição na Fórmula E.
Esta nova aventura não só mantém Herbert em destaque no mundo dos desportos motorizados, como também o posiciona numa série em rápido crescimento que se está a tornar uma alternativa viável à F1. Com a sua natureza franca e opiniões sem filtros, a voz de Herbert no mundo das corridas não vai a lado nenhum—seja como for, esta saída pode permitir-lhe falar ainda mais livremente sobre as lutas de poder que moldam o desporto.
Reflexões finais: Um aviso arrepiante para o futuro da F1?
A saga de Herbert serve como um lembrete contundente das dinâmicas de poder em mudança dentro da Fórmula 1. Se um ex-piloto respeitado pode ser expulso por dizer o que pensa, o que significa isto para o futuro das vozes independentes no desporto?
Com o domínio de Verstappen a crescer, a influência da Red Bull a expandir-se e a FIA aparentemente a apertar o seu controlo sobre opiniões dissidentes, é necessário questionar: A Fórmula 1 ainda é um lugar para tomada de decisões justas e independentes, ou está a tornar-se um parque de diversões para aqueles que detêm mais poder?
Uma coisa é certa— a saída de Johnny Herbert não é apenas o fim de uma era. É o início de uma conversa mais ampla sobre quem realmente controla o futuro da Fórmula 1.