Os tempos não estão fáceis para a divisão europeia da Ford: vários dos seus mais emblemáticos modelos da “era a combustão” chegaram, recentemente, ao fim de vida (mormente Fiesta e Focus), mas a procura pelas suas propostas 100% elétricas (nomeadamente o Explorer e o Capri) está longe de ser a prevista e pretendida (nada que seja um exclusivo da marca da oval azul), pelo que, sem surpresa, as perdas acumulam-se (quase 400 milhões de euros de prejuízo na região só no terceiro trimestre de 2025). Importa, pois, alterar este estado de coisas tão rapidamente quanto possível, e a solução poderá passar, em parte, por voltar a incluir motores térmicos na oferta (o que também não é medida inovadora nos tempos que correr), com maior ou menor grau de eletrificação – pois seguro parece ser que o bem-sucedido Puma, com algum auxílio do já um pouco datado Kuga, não chega para garantir uma presença no mercado europeu digna dos pergaminhos do construtor de Dearborn, ou condicente com as suas aspirações comerciais e financeiras.
É neste contexto que surge a notícia de estar a ser desenvolvido um novo modelo especialmente destinado ao Velho Continente, que com o seu emblemático congénere norte-americano, verdadeiro “mito” do todo-o-terreno por aquelas paragens, mais não partilhará do que um nome emblemático: Bronco. A iniciativa não é inédita, e estará no âmbito das afirmações proferidas por Jim Baumbick, recentemente nomeado enquanto responsável máximo da Ford para a Europa, de que a empresa deverá desenvolver produtos relevantes para os clientes europeus, e de uma forma mais rápida e eficiente – podendo este ser o primeiro automóvel totalmente novo lançado sob o seu “consulado”.

Esta possibilidade não foi ainda confirmada pela marca, mas há já vários rumores a circular sobre o tema. Por exemplo, que o Bronco europeu, a lançar em 2027, será um substituto indireto das versões hatchback e carrinha do Focus. E que deverá ser produzido na fábrica de Valência, em Espanha, de cujas linhas de montagem também sai o Kuga, com o qual partilhará não só a plataforma C2, como boa parte dos elementos mecânicos.
Contudo, a olho nu, o paralelismo entre ambos será bem menos evidente, uma vez que, apesar de mais pequeno, o modelo será, visualmente, bastante próximo do seu homónimo norte-americano. Também aqui se confirmando a nova estratégia da Ford, de fazer valer o seu legado no design das suas criações destinadas à Europa, como forma de sublinhar as suas origens, e melhor se diferenciar da concorrência (algo já patente no Explorer comercializado no Velho Continente, nitidamente inspirado no modelo com o mesmo nome, de maior porte, vendido nos EUA, apesar de, na prática, ser quase um “gémeo” do VW ID.4 em termos técnicos, não obstante até ser produzido em Colónia pela própria Ford).
Considerado essencial para que a Ford possa recuperar uma quota de mercado que tem vindo, progressivamente, a diminuir no mercado europeu, é praticamente seguro que o novo Bronco será proposto com uma motorização híbrida plug-in, não estabdo, de todo, previsto também venha a ser disponibilizado numa derivação 100% elétrica. E, assim sendo, tudo aponta para que, tanto em termos de dimensões exteriores, como de preço, os seus rivais mais diretos sejam modelos como o VW Tiguan, o Jeep Compass e o Skoda Kodiaq, ou mesmo o Kia Sportage e o Hyundai Tucson.

Refira-se, a propósito, que, a materializar-se a criação de um Bronco pensado especificamente para o mercado europeu, esse será, já, o terceiro modelo a fazer uso do mesmo nome que pouco mais partilha do que a designação comercial e a inspiração estilística com o original (com 5331 mm de comprimento, 2402 mm de largura, e 1983 mm de altura, e vendido, no mercado doméstico, com o quatro cilindros EcoBoost de 2,3 litros e 300 cv, e com os V6 da mesma família, de 2,7 litros e 330 cv, e de 3,0 litros e 418 cv, sempre em conjugação com a tração integral). Nos EUA, o Bronco Sport, com 4397 mm de comprimento, 1493 mm de largura, e 1788 mm de altura, é comercializado, sempre com tração integral, com os motores EcoBoost a gasolina de 1,5 litros e 180 cv, e de 2,0 litros e 200 cv. Na China, o Bronco criado para o mercado local mede 5025 mm de comprimento por 1964 mm de largura e 1825 mm de altura, e é proposto com duas opções de motorização, sempre 100% elétrica, com um motor por eixo, e tração integral: motor dianteiro de 176 cv, motor traseiro de 274 cv, potência combinada de 445 cv, bateria com 105,4 kWh de capacidade, autonomia de 650 km no ciclo CLTC (cerca de 480 km na norma europeia WLTP); motor dianteiro de 176 cv, motor traseiro de 244 cv, potência combinada de 420 cv, bateria com 43,7 kWh de capacidade fornecida pela BYD, autonomia em modo 100% elétrico de 220 km km no ciclo CLTC (cerca de 135 km no ciclo WLTP), motor 1.5 a gasolina de 150 cv a funcionar como extensor de autonomia, para uma autonomia total de 1220 km no ciclo CLTC (cerca de 1000 km no ciclo WLTP).









