Hetzer. Foi este no nome eleito pela Runge Cars, empresa sediada no estado norte-americano do Minnesota, fundamentalmente dedicada aos chamados restomods, nomeadamente baseados em modelos da Porsche de outras eras, para batizar a sua mais recente criação: nada mais, nada menos, do que um inédito motor a gasolina de oito cilindros opostos refrigerado a ar. Destina-se a ser instalado, antes de tudo o mais, no novo R3, um desportivo com motor central e tração traseira, centrado no condutor e inspirado nos automóveis de competição do século passado, e integralmente concebido (chassis tubular e carroçaria) pela Runge ao longo dos sete últimos anos – com apenas 780 kg de peso, promete ser capaz de oferecer um desempenho dinâmico digno dos dias hoje, dando início a uma nova era para o seu fabricante, ao conjugar manufatura, inovação e performance analógica. Tudo isto sendo muito mais fácil num país em que a eletrificação pouco mais é, ainda, do que uma miragem, e em que circular, legalmente, na via pública com veículos altamente personalizados é algo que, para os europeus, com as suas muito mais restritivas normas de homologação, e de proteção ambiental, faz mais parte do mundo dos sonhos…



Divagações à parte, o novo motor tem acoplada uma caixa manual de seis velocidades, estando ainda em fase de desenvolvimento, a cargo da própria Runge, em parceria com os especialistas britânicos da Swindom Powertain (que, há mais de meio século, produz, sob medida, motores e componentes aos mesmos destinados), e com a Sol Snyderman (especializada em refrigeração a ar); e fazendo uso de tecnologias de ponta, de soluções como a maquinação CNC (Computer Numeric Control, ou Controlo Numérico Computorizado, processo que permite o fabrico, em série, de peças complexas com elevado nível de precisão), e de materiais mais comummente utilizados no mundo da competição. Com 5328 cc de capacidade (diâmetro de 102,7 mm e curso de 80,4 mm), quatro veios de excêntricos, 32 válvulas, e uma taxa de compressão de 12,0:1, o seu rendimento não foi ainda anunciado, mas está assegurado que será capaz de fazer 9000 rpm (e com uma capacidade para subir de regime ao nível da de um motor de competição, mas com uma ampla faixa de utilizção, ideal para uso tanto em estrada, como em circuito), sucedendo ao seis cilindros em linha até aqui produzido pela Runge para distintas aplicações.


Aliás, o mesmo acontecerá quer com a plataforma do novo R3, quer com o novo motor, pois ambos estarão à disposição do público em geral a partir do final do ano em curso. No caso do propulsor, com a particularidade de poder ser facilmente montado em outros veículos, sendo, inclusivamente, anunciado como totalmente compatível, em termos dos respetivos pontos de fixação, com as plataformas dos Porsche 911 com motores refrigerados a ar, nas quais pode ser diretamente instalado, para, segundo comunicado da Runge, “oferecer aos entusiastas e criadores uma opção revolucionária para reimaginar o potencial da sua plataforma preferida”.
A propósito das suas novas coqueluches, Christopher Runge, fundador e designer da Runge Cars, é claro. No que ao veículo, no seu todo, diz respeito, explica: “O intuito do R3 é proporcionar a mais visceral experiência de condução analógica atualmente disponível. Com o motor central de oito cilindros opostos, combinado com uma transmissão manual de seis velocidades, o Runge R3 é o sonho de qualquer condutor – criado para os que exigem uma performance sem compromissos, uma ligação mecânica, e uma banda sonora plena de alma, que só um motor oito cilindros opostos refrigerado a ar pode oferecer”.

Relativamente ao motor, afirma que “é mais do que uma máquina – é uma declaração de intenções. Trabalhando com os engenheiros da Swindon Powertrain, e com os especialistas em refrigeração a ar da Sol Snyderman, combinámos tecnologia moderna com manufatura tradicional para criar algo verdadeiramente único. Cada componente foi obsessivamente projetado para alcançar equilíbrio, desempenho e beleza visual – uma verdadeira escultura da engenharia. É um motor que não só ultrapassa os limites, como se encaixa na perfeição no legado da performance da refrigeração a ar. Aos que acreditam que o futuro da condução deve ter alma – e transmissão manual –, convidamo-los a experimentar um novo padrão de referência em automóveis personalizados”.