O Citroën Elo Concept constitui uma abordagem revolucionária ao que pode ser um automóvel capaz de passar por um processo rápido de transformação para uma adaptação muito hábil a diferentes tipos de utilização. A casa do double chevron define-o como um “laboratório de ideias”, que liberta a audácia e a criatividade que associamos à marca, mesmo tratando-se apenas de um protótipo criado sem quaisquer ambições de abrir caminho à produção de um novo modelo, mesmo que a hipótese não esteja em absoluto descartada.
Evolucionista, irreverente e ousado. Este conjunto de adjetivos descreve bem o Elo Concept, estudo que pretende demonstrar como um automóvel que acompanha as tendências atuais da sociedade pode tornar-se num parceiro ótimo para o trabalho, o prazer e o repouso. Essa é mesmo a ideia por detrás do protótipo que sucede ao Oli Concept, de 2022, que também serviu de laboratório para o desenvolvimento de soluções já aplicadas pela Citroën em automóveis que integram a sua oferta.
Fabricante com mais de 100 anos de existência, a Citroën tem no seu currículo diversos estudos carismáticos, que serviram de tela para a apresentação e exploração de ideias, sendo esse, também, um dos atributos destacados por Xavier Chardon, na estreia do Elo Concept, que classificou como uma abordagem audaz e visionária, que abre caminho ao futuro da mobilidade, a exemplo do que fez o Ami, num passado recente. De acordo com o administrador-delegado da Citroën, é o próprio posicionamento da marca que muda, de acordo com a ideia de que “a vida é melhor num Citroën”, com base em três valores descritos pelas palavras “Caring” (cuidar), “Clever” (inteligente) e “Creative” (criativo): “Um automóvel nunca é só apenas um automóvel, também tem o poder de transformar vidas. A primeira palavra descreve o conforto, a paz de espírito e a hipótese de propormos mais por menos. A segunda remete-nos para o poder de escolha das motorizações, o que é extremamente importante na Europa, mas também para a lotação e para o formato da viatura. A terceira recorda a história dos concepts, e as abordagens inovadoras, tanto do design, como da utilização. O Elo interpreta na perfeição todos os valores da Citroën, demonstra a direção dos nossos pensamentos atuais. Preenche todos os requisitos do que tem sido o ADN da marca há mais de 100 anos, e do que pretendemos fazer nos próximos anos: é criativo, ousado, acessível, responsável, engenhoso e dedicado ao bem-estar. Transmite uma mensagem forte e reflete a visão do que ambicionamos para a Citroën”.





O nome deste protótipo resulta de “jogo” com as palavras “REst” (descansar), “PLay” (jogar) e “WOrk” (trabalhar), com a segunda letra de cada termo a ser utilizado no nome Elo. A ideia subjacente é a de um automóvel “pequeno que pensa grande” e foi concebido como companheiro para o dia a dia, também por poder adaptar-se, facilmente, a ambientes em mudança.
Num mundo em mutação, o Elo Concept ajusta-se a cada momento, definindo-se, segundo a Citroën, como meio de transporte “divertido, inteligente, acessível, espaçoso e responsável”. E também é disruptivo, por recuperar o formato de minimonovolume. Medindo apenas 4,10 m de comprimento, este estudo tem linhas retangulares, e a plataforma é elétrica (motor no eixo traseiro) permite diversas configurações do interior: quatro lugares, com três lugares recuados numa segunda fila, e banco do condutor instalado mais à frente, em posição central – montando-se, atrás e de cada lado do lugar do condutor, os bancos ocultos sob os laterais traseiros, que recordam cadeiras praia, e também podem ser utilizados no exterior, a lotação aumenta para seis lugares.
O para-brisas a 180º permite visibilidade excecional, e existe um head-up display a toda a largura do para-brisas, combinação que permite ao condutor manter-se focado na estrada. O Elo propõe-nos reinterpretação do conceito Smartband, estreado no Oli Concept (todas as informações são refletidas num ecrã transparente equipado com película refletora, que também pode exibir a agenda do utilizador, as chamadas telefónicas, e ser utilizado para videoconferências). Segundo a marca, esta fórmula é muito menos dispendiosa do que os sistemas convencionais.





A cor de carroçaria destaca o espírito alegre e jovial do protótipo, com um tom laranja vibrante, que se torna vermelho e amarelo em função da luz. O laranja é, também, a cor dominante no habitáculo, que reinterpreta o conceito C-Zen Lounge da Citroën. Existem compartimentos para arrumação tridimensionais inspirados no mundo do vestuário desportivo, enquanto os bancos são no padrão “quadrado de chocolate”.
No Elo Concept, as rodas estão nas extremidades da carroçaria, a linha de cintura muito baixa, e as superfícies vidradas são amplas (num total de 4,5 m2), o que inunda o interior de luz natural. O exterior é marcado, ainda, por elementos gráficos, como os arcos nas cavas das rodas. A dianteira tem uma assinatura luminosa semelhante à do C5 Aircross, com módulos verticais redesenhados e divididos em duas zonas, enquanto o logótipo é maior nas duas extremidades. Os para-choques são iguais na dianteira e na traseira, como no Ami, e em polipropileno expandido, para maior proteção dos pequenos toques. A traseira é do tipo Light Wings, com elemento superior flutuante. Para acesso ao compartimento de carga, porta dupla assimétrica, como nos furgões.
Os pneus foram desenvolvidos pela Goodyear e pensados para utilização ao ar livre, além de contarem com um sistema que monitoriza em permanência a respetiva pressão, assim como o desgaste, com um LED montado em cada jante a iluminar-se sempre que existe com os mesmos um eventual problema, assim alertando para o efeito o condutor. Mantém-se a aliança entre o fabricante de pneus norte-americano e a marca francesa, que já dura há vários anos ao nível do desenvolvimento de soluções inovadoras para protótipos.





O acesso ao interior faz-se através de grandes portas que abrem lateralmente (as traseiras no sentido oposto ao das dianteiras), facilitado pela ausência de pilares centrais, criando uma abertura com 1,92 m. O banco do condutor pode girar a 360º, e tem um apoio para suporte de um computador. A coluna de direção foi deslocada o máximo possível para a frente, o que aumenta a impressão de espaço a bordo, enquanto a altura livre no habitáculo (1,70 m) facilita a movimentação no interior. Como o futuro não dispensa o passado, o volante monobraço é inspirado no do DS de 1955. Neste caso, está equipado com dois botões em forma de joystick, para controlo da instrumentação digital.
Os bancos da segunda fila têm costas rebatíveis, são removíveis, e também podem ser utilizados no exterior. E o habitáculo também pode transformar-se num espaço de repouso (colchões insufláveis através de um compressor instalado a bordo), ou numa sala de cinema. E existe uma função que permite utilizar a bateria para alimentar equipamentos externos. Para melhorar a experiência a bordo, ou aumentar a capacidade de carga em altura, também é possível abrir parte do tejadilho (manualmente).
Muitas das ideias foram desenvolvidas em parceria com a Decathlon, parceria que permitiu à Citroën testar materiais novos. Os colchões dobrados na bagageira são em Dropstitch, como as pranchas de surf e os caiaques da empresa francesa.









