As mais recentes mudanças internas da FIA suscitaram nova controvérsia, com o comissário sénior Tim Mayer a criticar publicamente o Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, após ter sido despedido de forma abrupta através de mensagem de texto. Mayer, que tem servido em várias capacidades dentro da FIA durante mais de 15 anos, junta-se a uma lista crescente de saídas de alto perfil, levantando questões sobre a estabilidade e a direção do organismo que governa o desporto automóvel.
Mayer Fala: Um Adeus por Mensagem de Texto
Mayer revelou à BBC que foi despedido após a sua participação na representação dos organizadores do Grande Prémio dos Estados Unidos num recente processo de revisão. Este direito de revisão, que dizia respeito à redação de um relatório sobre uma invasão de pista após a corrida no Circuito das Américas, concluiu sem consequências públicas. No entanto, Mayer alega que o incidente levou ao seu despedimento, que afirma ser injustificado:
“A razão oficial que será dada é um suposto conflito de interesses devido ao meu papel como organizador,” disse Mayer. “Mas essa não é a verdadeira razão. Após 15 anos a oferecer o meu tempo e a ensinar outros, recebi uma mensagem de texto de um dos assistentes [de Ben Sulayem]. Foi assim que tudo acabou.”
Saídas em Massa Continuam
A saída de Mayer faz parte de uma tendência preocupante dentro da FIA. Entre as recentes saídas estão o antigo diretor de corrida da F1, Niels Wittich, o responsável pela conformidade Paulo Basarri, e figuras de destaque como a CEO Natalie Robyn, o diretor desportivo Steve Nielsen, e o diretor técnico Tim Goss. A diretora de corrida adjunta da Fórmula 2, Janette Tan, também deixou o cargo, supostamente em circunstâncias não explicadas, deixando Rui Marques, o recém-nomeado diretor de corrida da F1, a lidar com uma carga de trabalho ampliada nas F1, F2 e F1 Academy este fim de semana no Qatar.
Mayer elogiou Tan, descrevendo-a como “a personificação do tipo de pessoa que queremos a trabalhar para a FIA,” e questionou por que o organismo regulador não está a fazer mais para reter pessoal chave:
“Estão literalmente a ficar sem pessoas para fazer esses trabalhos. É muito trabalho, e se o estás a fazer bem, é um desafio mental e físico constante.”
Os Condutores Expressam Preocupações
O piloto da Mercedes, George Russell, que também é Diretor da Associação de Pilotos de Grandes Prémios (GPDA), expressou desconforto com o estado tumultuado da FIA:
“Pedimos transparência e consistência, mas em vez disso, estamos a ver duas figuras chave a saírem em pouco tempo. Ainda não sabemos por que razão Niels [Wittich] foi removido. Estas mudanças constantes criam instabilidade, e é desafiante para todos no desporto.”
Russell foi mais longe, enfatizando as dificuldades que estas mudanças abruptas apresentam para a FIA:
“Qualquer organização com este nível de rotatividade vai ter dificuldades em manter a estabilidade. Precisamos de clareza sobre o que está a acontecer e quem é o próximo. Neste momento, parece que não há plano.”
Uma Crise Crescente
A turbulência dentro da FIA surge num momento crítico para a Fórmula 1, à medida que o desporto continua a desfrutar de uma popularidade e crescimento financeiro sem precedentes. No entanto, a governação do automobilismo parece cada vez mais fragmentada, com os comentários de Mayer a sublinharem a crescente insatisfação dentro das suas fileiras.
Com decisões de alto risco a serem tomadas—variando desde revisões do regulamento até controvérsias sobre os comissários—pairam questões sobre se a FIA conseguirá manter a sua credibilidade e consistência em meio a esta convulsão. Como Russell e outros apontaram, a instabilidade da organização arrisca minar a própria transparência e justiça que equipas e pilotos há muito exigem.