Dale Earnhardt, conhecido como ‘The Intimidator’, era uma força a ter em conta nas pistas da NASCAR. A visão do seu Chevrolet preto com o número 3 estampado enviava arrepios pela espinha de qualquer piloto. Eles tinham uma de duas escolhas – desviar-se do caminho ou ser empurrados para o lado por Earnhardt. Esta guerra psicológica, aliada ao seu audacioso estilo de condução, fez dele um campeão sete vezes, um recorde ainda por ser superado.
O legado de Earnhardt continua a viver, mesmo após a sua morte prematura em 2001 na Daytona 500. Na semana passada, o seu fantasma parecia ter encontrado um novo avatar na forma de Kyle Larson, uma estrela em ascensão da NASCAR, que ecoou a finesse de condução e as táticas psicológicas de Earnhardt em Homestead.
Kyle Larson demonstrou uma exibição excecional de habilidades de condução na corrida da Cup Series na semana passada. Partindo da 14ª posição, o piloto da Hendrick Motorsports navegou até ao topo, assegurando a sua primeira vitória da temporada. O Homestead-Miami Speedway, conhecido por ser uma das pistas mais fortes de Larson, foi o cenário perfeito para tal triunfo.
No entanto, não foi apenas a vitória de Larson que deixou a fraternidade da NASCAR em alvoroço. A maneira como ele venceu, o seu estilo de condução, tocou uma corda de familiaridade, lembrando muitos do lendário Dale Earnhardt. A lenda da NASCAR Kyle Petty, numa entrevista com a Performance Racing Network, traçou paralelos entre as táticas de condução de Larson e Earnhardt.
Petty refletiu sobre como a presença intimidante de Earnhardt jogava com a mente do líder da corrida, criando um elemento de dúvida que muitas vezes levava a erros. Larson replicou esta estratégia psicológica, forçando o líder da corrida, Alex Bowman, a cometer um erro que o fez bater na parede, permitindo a Larson assumir a liderança. Uma vez à frente, Larson não olhou para trás até que a bandeira quadriculada estivesse à vista.
Larson não apenas ultrapassou Bowman; ele deixou-o a arrastar-se junto à parede, aumentando a sua vantagem para mais de um segundo com seis voltas restantes. A sua abordagem destemida de andar pela linha alta, flertando com a parede e até colidindo com ela em determinado momento, evocou medo entre os seus concorrentes. Denny Hamlin, outro piloto da NASCAR, reconheceu o estilo único de Larson, enfatizando como a propensão de Larson para se aproximar da parede mais do que o resto do pelotão lhe dava uma vantagem.
O repórter da NASCAR, Jordan Bianchi, elogiou Homestead-Miami como o parque de diversões pessoal de Larson, e Larson correspondeu à reputação. Com um recorde de 645 voltas lideradas nesta pista, Larson estava determinado a não repetir os erros do ano anterior, quando perdeu o controle enquanto lutava pela liderança.
Após a sua performance dominante, Larson admitiu a pressão psicológica que exerceu sobre Bowman. Ele disse: “Sabia que ao me aproximar daqueles rapazes, eles começariam a mover-se e a cometer erros, e senti que se conseguisse manter a pressão sobre o Alex [Bowman], ele poderia cometer um erro.”
Apesar da sua vitória em Homestead, Larson tinha como objetivo fazer história ao vencer todas as três corridas da NASCAR num fim de semana – Truck, Xfinity e Cup. Este feito só foi alcançado pelo campeão duas vezes Kyle Busch em 2010 e 2017. Embora Larson tenha vencido duas das três corridas, ele ficou aquém na série Xfinity, terminando em quarto lugar.
Refletindo sobre a sua performance, Larson disse: “Não consigo ir quando os meus pneus traseiros estão fora do chão. Portanto, sei que parece que deixei escapar outra, mas fiz tudo o que pensei que poderia [para vencer].” Com os pilotos da série Cup limitados a apenas cinco corridas nas séries Truck e Xfinity numa temporada, a questão permanece – conseguirá Larson juntar-se a Kyle Busch nos anais da história da NASCAR?