Não faltando quem anuncie a morte dos motores de combustão, também há aqueles que insistem em resistir. Um dos mais recentes exemplos chega de Inglaterra: a Boreham Motorworks, empresa que se dedica a preservar e valorizar o legado de alguns dos automóveis mais emblemáticos da Ford, construtor com que trabalha em estreita proximidade, acaba de anunciar o desenvolvimento de um novo quatro cilindros a gasolina capaz de “falar ao coração” dos mais puristas.
A sua primeira aplicação terá lugar no “novo” Ford Escort Mk1 RS, reinterpretação do século XXI da versão mais evoluída (o Escort RS 2000, fabricado entre 1972-1974) da primeira geração desse verdadeiro ícone da casa da oval azul, produzido entre 1968-1974, e um dos mais bem-sucedidos carros de ralis de sempre. Para melhor se perceber o contexto, esclareça-se que este Escort Mk1 RS, como outras criações da Boreham, pretende recriar, fazendo uso de soluções de soluções modernas, e com tecnologia de ponta, o verdadeiro espírito da sua época, e oferecer uma experiência de condução digna da do modelo original.



Com produção limitada a 150 exemplares numerados (cada qual custando, na origem, 295 000 libras esterlinas, ou cerca de 333 000 euros), e disponível tanto com volante à esquerda, como à direita, não dispõe de direção assistida, ABS, controlo de tração, ou travões servoassistidos; anuncia um peso de somente 800 kg (repartido numa proporção 55/45 entre os eixos dianteiro e traseiro); monta um diferencial traseiro autoblocante mecânico; e a suspensão conta com uma geometria otimizada, para um melhor desempenho, mas sem dispensar a arquitetura MacPherson na frente, e por eixo rígido atrás (embora, neste caso, se trate de um eixo totalmente novo, muito mais ligeiro do que o original, porque construído em alumínio e titânio). Por dentro, como por fora, as semelhanças com o Escort RS 2000 da década de 1970 são evidentes e propositadas.






Quanto ao novo motor TEN-K (acrónimo que alude ao seu regime máximo de funcionamento), totalmente atmosférico, foi desenvolvido de raiz pela Boreham, pesa apenas 85 kg, possui uma capacidade de 2100 cc, e é capaz de debitar qualquer coisa como 330 cv, e de fazer nada menos do que 10 000 rpm. Prometendo oferecer uma resposta imediata e acutilante, e uma linear entrega de potência, para que tal seja possível, recorre a uma eletrónica evoluída; a borboletas do acelerador individuais para cada um dos quatro cilindros; a componentes internos maquinados de baixo peso (como a cambota, as bielas, o cárter seco, ou a tampa das válvulas); a uma cabeça com geometria das condutas de admissão inspirada na F1, pensada para otimizar o fluxo dos gases, logo, a entrega da potência; e a finas paredes construídas com recurso a tecnologia de fundição mediante impressão 3D, o que permitiu criar um “bloco de motor esculpido, formado em torno dos seus componentes internos”.








