Fernando Alonso, o campeão mundial de Fórmula 1 por duas vezes e uma das figuras mais duradouras do desporto, preparou o cenário para o que pode ser o seu canto do cisne na F1. O espanhol de 43 anos, que desafiou a idade e as probabilidades ao longo da sua ilustre carreira, revelou que irá tratar a temporada de 2026 como se fosse a sua última, acrescentando um ar de finalização à sua busca por um tão aguardado terceiro título mundial.
Com o seu contrato com a Aston Martin a expirar no final de 2026, Alonso está a preparar-se para o que ele chama de “o tempo da verdade.” É uma temporada crucial, não apenas para ele, mas para a equipa, que depositou as suas esperanças num carro revolucionário e numa equipa de sonho, incluindo o mestre do design da Red Bull, Adrian Newey, e o guru da aerodinâmica da Ferrari, Enrico Cardile.
“Altas Expectativas, Nenhuma Garantia”
As palavras de Alonso são uma mistura tentadora de determinação e pragmatismo. Falando à BBC, ele reconheceu os riscos:
“As expectativas serão altas porque é um carro novo, mudança de regulamentos, carro feito por Adrian. Provavelmente—ou pelo menos para começar—será a minha última temporada na F1 porque o meu contrato termina no final de 2026. É o tempo de entregar e o tempo da verdade.”
Mas, como é típico de Alonso, ele deixou a porta aberta para mais. Se a Aston Martin entregar um carro capaz de lutar na frente do pelotão, ele não descarta a possibilidade de prolongar a sua estadia.
“Se 2026 estiver a correr bem e estivermos a divertir-nos e houver a possibilidade de correr mais um ano, estarei aberto [a isso],” disse ele. “Mas vou encarar cada corrida como se fosse a minha última e aproveitar cada segundo.”
“Um Terceiro Título ou Nada”
A fome de Alonso por um terceiro título mundial permanece inalterada, mesmo enquanto reconhece as cruéis realidades da natureza movida por máquinas da F1. Apesar dos seus dois títulos mundiais com a Renault em 2005 e 2006, Alonso sente que nunca teve um carro verdadeiramente dominante—as suas vitórias vieram contra McLarens mais rápidos mas menos fiáveis e Ferraris bem equiparados.
A sua única experiência de domínio veio no Campeonato do Mundo de Resistência com a Toyota, onde conquistou vitórias consecutivas em Le Mans em 2018 e 2019. Mas na F1, Alonso tem sido o eterno azarão, frequentemente a apresentar resultados que ofuscam a máquina que o suporta. A promessa do projeto de 2026 da Aston Martin, com Newey à frente, poderá finalmente dar-lhe as ferramentas que tem aguardado.
“A Visão do Superteam”
As ambições da Aston Martin para 2026 são impossíveis de ignorar. A equipa está a construir uma potência com contratações-chave como Newey, Cardile e o arquitecto de motores Andy Cowell, aliados aos motores da Honda e aos enormes investimentos em infra-estrutura de Lawrence Stroll. A esperança é que esta formação de estrelas catapulte a Aston de concorrentes do meio do pelotão para desafiantes ao campeonato.
Para Alonso, as estrelas parecem estar a alinhar-se. Quando a Aston tem sido competitiva, ele demonstrou que consegue extrair cada gota de desempenho, muitas vezes superando o seu colega de equipa Lance Stroll. Sem sinais de declínio na sua capacidade de condução, Alonso está preparado para capitalizar se a equipa entregar.
“2026: O Maior Desafio de Alonso até Agora?”
Mas o caminho para a glória em 2026 está repleto de desafios. Se o projeto da Aston corresponder às expectativas, a equipa pode tornar-se o lugar mais atractivo na F1, e Alonso poderá enfrentar uma concorrência feroz pelo seu lugar em 2027.
Condutores como Oscar Piastri da McLaren (sem contrato após 2026), Carlos Sainz, Alex Albon, ou até mesmo um Max Verstappen desiludido poderiam todos ter os olhos num lugar na Aston se o carro se provar um vencedor mundial. Embora Alonso tenha consistentemente acreditado que pode superar qualquer rival, a sua idade e a natureza implacável da política na F1 podem complicar as coisas.
“Um Legado em Jogo”
O legado de Alonso na F1 já está assegurado, mas um terceiro título elevaria-o ao panteão dos grandes de todos os tempos. Se 2026 marcar o fim da sua carreira ou o início de um novo capítulo depende de fatores em grande parte fora do seu controlo.
Por agora, Alonso está focado, determinado e pronto para enfrentar cada corrida como se fosse a sua última. E se a super equipa da Aston Martin entregar, o mundo poderá testemunhar a culminação de uma das carreiras mais extraordinárias da F1.
A questão não é se Alonso irá estar à altura da ocasião—ele está sempre. A verdadeira questão é se a Aston Martin pode dar-lhe o carro para tornar os seus sonhos uma realidade.