Há três semanas, Jari-Matti Latvala estava desanimado perante a mídia, acreditando que as esperanças da Toyota no Campeonato Mundial de Rally tinham desaparecido. O Rally da Acrópole na Grécia destruiu a sua confiança, levando o diretor da equipa Toyota a declarar que tudo o que podiam agora almejar eram vitórias em rallies, uma vez que os títulos pareciam fora de alcance. Avançando para o Rally do Chile, a atitude de Latvala mudou completamente. Com uma performance impressionante da sua equipa, a Toyota recuperou do abismo, colocando-se novamente na corrida pelo título.
As emoções de Latvala após o Chile contrastavam fortemente com as da Grécia. “Tivemos uma pequena conversa dentro da equipa antes de virmos para cá e tentámos fazer todos acreditar que ainda tínhamos uma chance,” explicou Latvala. “E este resultado prova isso—estamos de volta à luta.” O domínio da Toyota com um 1-2, liderado por Kalle Rovanperä e Elfyn Evans, juntamente com uma varrida na Power Stage, fez com que reduzissem pela metade a vantagem da Hyundai no campeonato.
A Masterclass Tática da Toyota
O fim de semana da Toyota no Chile foi nada menos que uma masterclass. Com 13 vitórias em especiais em comparação com a única vitória da Hyundai, a Toyota não só superou os seus rivais como também entregou um resultado que elevou o moral. “Isto dá um grande impulso e motivação para a equipa,” sorriu Latvala após o rally.
Entretanto, a Hyundai parecia perdida. Ott Tänak, que anteriormente não tinha conhecido a derrota no Chile, lutou para encontrar confiança no seu i20 N Rally1. “Simplesmente não funcionou para nós,” admitiu Tänak. “Desde o shakedown, foi uma luta.” O diretor técnico da Hyundai, François-Xavier Demaison, referiu-se a esta fase do campeonato como “tempo de dinheiro,” mas a Hyundai não conseguiu aproveitar. Enquanto Tänak e o colega de equipa Thierry Neuville vacilavam, a Toyota capitalizou.
O Dia Menos Bom da Hyundai Abre a Porta
As dificuldades da Hyundai foram evidentes desde o início. Neuville ecoou as frustrações de Tänak, afirmando: “O ritmo não estava lá, a sensação não era boa. Não nos divertimos nada hoje.” O belga lamentou o desempenho geral da equipa, que foi o mais fraco da temporada. Em contraste, a Toyota prosperou nas mesmas condições, com Evans a comentar: “Tivemos um bom carro, e todos nos sentimos bem nele.”
Com a Hyundai a vacilar, a Toyota viu a sua oportunidade e aproveitou. A batalha pelo campeonato, que antes parecia fora de alcance para a equipa de Latvala, agora parece muito viva.
Drama no WRC2: Solberg vs. Rossel
Enquanto a Toyota e a Hyundai se enfrentavam no topo, a classe WRC2 estava envolvida em controvérsia. O furo lento de Oliver Solberg parecia ser o momento decisivo da corrida, mas as coisas tomaram um rumo inesperado quando Yohan Rossel foi atribuído um tempo notional após ser atrasado pela poeira e nevoeiro de Solberg na especial. O ajuste do tempo de Rossel na especial catapultou-o do terceiro para o primeiro lugar, para espanto de Solberg.
Solberg expressou a sua frustração: “Ele [Rossel] não deveria estar onde está com o tempo que fez ontem.” Apesar de ter apresentado um protesto, os comissários rejeitaram o apelo de Solberg, deixando-o com pouco mais a fazer do que assistir enquanto Rossel e Sami Pajari estão agora prontos para lutar pelo título WRC2.
Controvérsias da FIA Lançam uma Sombra
Para além do drama em palco, as recentes decisões da FIA provocaram ondas no mundo do rali. Oito vezes campeão do mundo, Sébastien Ogier, e Ott Tänak expressaram o seu descontentamento por serem “mandados do alto da FIA para calar a boca,” referindo-se à multa suspensa de Ogier por comentários feitos durante o Rali da Grécia. A situação ecoa a controvérsia na Fórmula 1, onde Max Verstappen enfrentou penalizações por usar linguagem imprópria. O protesto silencioso de Ogier no Chile, acompanhado de alguns gestos subtis, sublinhou o seu descontentamento com as ações recentes do organismo governante.
A Luta pelo Título Aquece-se
Apesar do drama fora da pista, a luta pelo título WRC está longe de estar terminada. Elfyn Evans, uma vez considerado fora da corrida, ainda tem uma chance no campeonato. Com 60 pontos em jogo, até Tänak permanece na disputa, embora o seu foco pareça estar a mudar para garantir o campeonato de construtores para a Hyundai.
Enquanto o ressurgimento da Toyota no Chile os trouxe de volta à luta pelo título, todos os olhares estão em Thierry Neuville. O belga agora detém a liderança e, como Ott Tänak observou, “é dele para perder neste momento.” Neuville tem conduzido com precisão durante toda a temporada, mas a pressão está a aumentar. Conseguirá ele conquistar o seu primeiro título de Campeão do Mundo de Ralis, ou a ascensão tardia da Toyota será forte demais?
A Olhar para a Frente: O Asfalto Aguardam
À medida que a temporada de gravilha chega ao fim, a atenção volta-se para os ralis de asfalto, onde a Hyundai tem mostrado força. O i20 N Rally1 venceu Monte Carlo e esteve perto na Croácia, oferecendo uma luz de esperança para a equipa enquanto procuram recuperar nas restantes provas.
Por agora, no entanto, a vitória da Toyota no Chile preparou o cenário para um emocionante final da temporada de 2024. O que parecia impossível há apenas três semanas agora parece ao alcance de Latvala e da sua equipa. A luta pelo título está de volta, e com seis corridas restantes, tudo pode acontecer.