No mundo de alta octanagem da Fórmula 1, poucas equipas têm uma história tão polarizadora como a Red Bull Racing. Embora a equipa de Milton Keynes tenha produzido alguns dos maiores pilotos da história da F1, o ex-piloto de F1 Juan Pablo Montoya criticou a equipa pelo seu enfoque implacável no desenvolvimento de talentos, afirmando que deixou muitos pilotos à sua mercê—queimados e descartados.
A Oportunidade Perdida de Montoya na Red Bull
Juan Pablo Montoya, conhecido pelo seu temperamento explosivo e velocidade fulminante, refletiu sobre um momento crucial na sua carreira quando a Red Bull entrou na F1 em 2005. O colombiano revelou que foi abordado pela equipa, mas a sua modesta oferta financeira—um irrisório “dois pesos”, como ele mesmo disse—levou-o a recusar.
“A Red Bull ofereceu-me dois pesos, e levou-lhes quatro anos para vencer. Eles teriam-me queimado,” disse Montoya, sem rodeios na sua crítica às dificuldades iniciais da equipa e à falta de maquinaria competitiva.
A Linha de Produção de Pilotos da Red Bull
Os comentários de Montoya destacam uma narrativa de longa data sobre o tratamento da Red Bull aos seus pilotos. A estratégia da equipa de alternar talentos na busca pela perfeição tem sido frequentemente controversa. Segundo Montoya, as falhas iniciais da equipa estavam menos relacionadas com os pilotos e mais com as suas próprias limitações. No entanto, em vez de reconhecerem as suas falhas, alega Montoya, a Red Bull simplesmente substituiu pilotos até encontrarem o ajuste certo.
“Quando a Red Bull estava pronta para lutar pelo campeonato, provavelmente já teriam culpado o piloto e passado para o próximo,” afirmou Montoya, apontando para o veterano David Coulthard como exemplo.
“Coulthard ocupou o lugar que era meu, se eu o quisesse,” acrescentou, sugerindo que até mesmo talentos experientes eram, em última análise, dispensáveis na busca implacável da Red Bull pelo sucesso.
Uma Carreira de Potencial Perdido
Para Montoya, a história é agridoce. Com sete vitórias na carreira pela Williams e McLaren, demonstrou habilidade para competir ao mais alto nível, mas nunca teve a oportunidade de pilotar um carro vencedor de campeonato. “A única coisa que realmente precisava na F1 era ser campeão. E não houve oportunidade de estar num carro para ser campeão,” admitiu Montoya.
Se Montoya tivesse juntado à Red Bull, especula que teria sido mais uma vítima das suas lutas iniciais—apenas mais um piloto descartado antes da equipa finalmente encontrar a sua forma vencedora em 2010.
Um Padrão de ‘Queimar’ Pilotos
As afirmações de Montoya ecoam um sentimento partilhado por muitos na comunidade da F1: a história da Red Bull de priorizar resultados em detrimento do desenvolvimento de talento. Os pilotos secundários muitas vezes sentem-se ofuscados pela estrela escolhida da equipa. Desde a dinâmica entre Sebastian Vettel e Mark Webber até à dominância de Max Verstappen hoje, a Red Bull tem-se posicionado consistentemente como uma equipa construída em torno de um único piloto, com o segundo lugar muitas vezes a parecer um cálice envenenado.
As lutas de pilotos como Pierre Gasly e Alex Albon—ambos incapazes de igualar o desempenho de Verstappen—sublinham esta realidade. Enquanto o programa de desenvolvimento da Red Bull produziu megastars, também deixou para trás um rasto de carreiras que nunca atingiram o seu pleno potencial.
A Evolução da Red Bull
Para seu crédito, a Red Bull transformou-se dramaticamente desde os seus primeiros dias. Agora uma força dominante na F1, a equipa é sinónimo de engenharia de precisão, brilhantismo estratégico e glória nos campeonatos. Mas os comentários de Montoya servem como um lembrete das dores de crescimento que definiram os seus anos formativos—e do custo humano da sua ambição implacável.
À medida que a Fórmula 1 evolui, a abordagem da Red Bull na gestão de pilotos continuará a estar sob escrutínio. Continuarão a manter o seu foco num único piloto, ou abraçarão uma dinâmica mais equilibrada? Só o tempo dirá.