Aston Martin revelou oficialmente os seis pilotos que liderarão o seu tão aguardado programa de Hypercar Valkyrie tanto no Campeonato IMSA SportsCar como no Campeonato Mundial de Endurance (WEC) em 2025. Mas, embora a equipa apresente talento, não há nomes de superstars, levantando a inevitável questão: será esta a decisão certa para um projeto desta magnitude?
Com a Toyota, Ferrari e Porsche a montarem as formações mais experientes da resistência, a Aston Martin adotou uma abordagem diferente, apostando na familiaridade, lealdade e investimento a longo prazo em vez de experiência em protótipos estabelecidos.
Quem Fez Parte da Seleção?
A equipa The Heart of Racing (THOR) da Aston Martin irá apresentar dois Valkyrie Hypercars no WEC, cada um pilotado por um duo apoiado por um piloto adicional da IMSA em Le Mans:
Entradas no WEC:
- #007 Valkyrie: Harry Tincknell, Tom Gamble (+ Ross Gunn para Le Mans)
- #009 Valkyrie: Marco Sørensen, Alex Riberas (+ Roman De Angelis para Le Mans)
Entrada no IMSA:
- #23 Valkyrie: Ross Gunn, Roman De Angelis
A primeira vista, as selecções parecem lógicas mas desapontantes. Tincknell e Sørensen são talentos inegáveis, mas o resto da equipa—Gamble, Riberas, Gunn, e De Angelis—são principalmente especialistas em GT, uma grande diferença em relação às formações cheias de experiência dos seus rivais.
Por Que Esta Formação? A Lógica por Trás da Seleção da Aston Martin
O director da equipa Aston Martin, Ian James, não se desculpa pelas suas escolhas, insistindo que esta é uma formação construída com talento e confiança.
“Conduzir um carro ao nível mais alto com a Aston Martin, e um carro que é amplamente aceito como um dos mais bonitos do mundo—o único que é realmente a progenitura genuína de um carro de estrada—é uma verdadeira honra,” disse James.
O responsável pela endurance da Aston Martin, Adam Carter, reforçou, explicando que a formação não foi uma decisão de última hora, mas sim o resultado de um meticuloso processo de testes:
“Partimos com uma visão de quem achávamos que poderia estar nas formações de pilotos, e efectivamente fizemos as nossas escolhas comparando com as referências relativas para decidir sobre as equipas finais.”
Em outras palavras, cada piloto ganhou o seu lugar através do desempenho, não da reputação.
Os Jogadores Chave: Tincknell e Sørensen Detêm as Chaves para o Sucesso
Harry Tincknell é o piloto de protótipos mais experiente da equipa. Tendo desenvolvido o carro de estrada Valkyrie, foi uma escolha fácil para o programa, com um pedigree vencedor em Le Mans tanto em LMP2 como em GTE Pro.
Marco Sørensen, por outro lado, pode não ter experiência em protótipos, mas é um campeão do WEC por três vezes com a Aston Martin, um veterano de batalhas intensas em GT, e um dos pilotos de resistência mais bem-sucedidos a usar as cores da marca britânica.
Ambos os pilotos serão pontos de referência cruciais contra os quais o resto da equipa será medido.
Os Coringas: Podem os Especialistas em GT Lidar com o Salto para os Hypercars?
A maior aposta vem dos outros quatro pilotos, todos os quais fizeram o seu nome nas corridas de GT em vez de protótipos.
- Tom Gamble: Campeão de LMP3 na European Le Mans Series de 2020, mas tem corrido maioritariamente em GT desde então.
- Alex Riberas: Vencedor comprovado do GTD Pro na IMSA, mas nunca competiu na classe Hypercar.
- Ross Gunn: Um dos melhores pilotos de GT do mundo, mas, novamente, sem experiência em Hypercar.
- Roman De Angelis: Uma estrela em ascensão, mas ainda em grande parte não comprovada ao mais alto nível das corridas de resistência.
Enquanto a Aston Martin argumenta que os modernos Hypercars se assemelham mais a “grandes GTs” do que aos monstros LMP1 pesados em aerodinâmica do passado, a realidade permanece: estes pilotos irão enfrentar nomes como Sébastien Buemi, Kévin Estre, Antonio Fuoco e Kevin Magnussen—todos eles guerreiros de protótipos experientes.
A Aston Martin pode competir com os grandes?
Aston Martin claramente se inspirou na Ferrari e na Porsche, ambas as quais integraram com sucesso pilotos de GT nos seus programas de Hypercar. No entanto, enquanto nomes como Matt Campbell e Mathieu Jaminet provaram a sua capacidade de transitar para LMDh, a formação da Aston Martin carece de um verdadeiro piloto de protótipo de peso além de Tincknell.
A Toyota, por outro lado, apenas alinha pilotos com vasta experiência em máquinas de alta downforce—uma fórmula que trouxe cinco vitórias consecutivas em Le Mans.
Uma Oportunidade de Sonho—Mas Conseguirão Cumprir?
Não se pode negar que esta é uma oportunidade de sonho para os seis escolhidos. Eles estão agora no maior palco do desporto motorizado, carregando o peso do regresso da Aston Martin às corridas de resistência de topo. Mas será que este grupo, focado em GT, conseguirá afirmar-se numa corrida de hipercarros dominada por especialistas em protótipos?
No papel, a partida parece desequilibrada. Mas nas corridas de resistência, números e reputações não significam nada assim que a bandeira verde é agitada.
Agora, cabe a Gamble, Riberas, Gunn e De Angelis provar que a fé da Aston Martin neles era justificada. Se falharem, surgirão questões sobre se a Aston Martin deveria ter adotado uma abordagem mais convencional.
Mas se conseguirem enfrentar o desafio, isto poderá ser lembrado como uma das apostas de talento mais ousadas e bem-sucedidas na história das corridas de resistência.