Portugal volta a ter um piloto português no Mundial de Fórmula 3, com a ambição de chegar à Fórmula 1. Ivan Domingues vai competir pela Van Amersfoort Racing em 2025, e sucede a António Félix da Costa, que foi o último representante nacional na Fórmula 3.
Com 18 anos de idade e natural de Leiria, Domingues iniciou-se no desporto automóvel no Karting, com 8 anos, inspirado pelo pai e irmão, onde venceu a Taça de Portugal de Karting e foi Vice-Campeão Nacional em 2017, 2018 e 2019.

Aos 14 anos aceitou o desafio de mudar-se para Itália, onde chegou à Fórmula 4. Em 2024, destacou-se na Fórmula Regional Europeia by Alpine (FRECA), onde foi um dos melhores estreantes, com dois pódios e melhor rookie em 3 corridas, o que contribuiu para abrir as portas da Fórmula 3.
Nos últimos meses, Ivan Domingues tem-se dividido entre Leiria, onde vive, a Holanda, onde fica a sede da sua equipa, a Van Amersfoort Racing, para realizar sessões de simulador, e Madrid onde frequenta o centro de alto rendimento, para melhorar o treino físico e mental. Agora o jovem piloto português, vai iniciar esta quarta-feira, 19 de fevereiro, um novo desafio com o primeiro contacto com a nova geração de monolugares de Fórmula 3 para triênio 2025-2027, nos testes que vão ter lugar durante três dias em Barcelona.

“O grande objetivo dos testes de Barcelona é entender o carro que é novo, com diferentes especificações, sobretudo na aerodinâmica e nos pneus, ver o que funciona e dar início a um trabalho de base. Por isso será necessário fazer o shakedown, rodar e aprender ao máximo. Terei a vantagem de levar já algum ritmo em termos físicos”, disse Ivan Domingues ao Autogear, durante uma sessão de testes realizada no Autódromo do Estoril.
O jovem piloto reconheceu que este primeiro ano na Fórmula 3 promete ser muito desafiante, mas está certo que o trabalho vai passar muito pelo desenvolvimento do seu monolugar. “O primeiro ano no mundial F3 vai ser muito desafiante, muito competitivo, principalmente para um rookie; o foco estará sempre na melhor preparação, para que possa evoluir ao máximo em cada oportunidade em pista, o grande desafio vai ser mesmo melhorar corrida após corrida”.

Para se preparar para os testes de Barcelona, Ivan Domingues aproveitou a sua estreia no emblemático circuito do Estoril, para trabalhar com a equipa britânica Double R Racing, fundada em 2004 por Kimi Raikkonen, e acumular um total 890 Kms ao longo dos dois dias de treinos.
“Este não é o carro que vou conduzir no Mundial de Fórmula 3, no entanto, creio que cumprimos as melhores expetativas, nesta estreia no Estoril. Superámos mesmo os Kms planeados, com andamentos muito consistentes, levando o corpo ao máximo esforço e retirando toda experiência de um carro onde nunca tinha andado, muito exigente do ponto de vista técnico e físico, revelando um extraordinário apoio e desempenho, tanto nas curvas lentas como rápidas. O Estoril também é uma pista com um traçado muito exigente. Foi bastante positivo poder acumular muitos quilómetros, porque não há melhor treino do que estar em pista”, referiu o jovem piloto, detalhando a preparação. “Testámos simulação de corrida, com algumas saídas mais longas, mas também voltas lançadas com pneus novos, um pouco já a preparar a especificidade das qualificações em Fórmula 3, em que temos apenas uma volta com borracha nova para procurar o limite”.

Ivan Domingues sabe que uma das particularidades do Mundial de Fórmula 3 é a qualificação ser feita em apenas uma volta. “É muito difícil tirar o partido máximo dos pneus em apenas uma volta, e estou certo de que esse será o grande desafio da temporada para mim, como para os meus adversários”.
Num Mundial em que nove das três dezenas de pilotos fazem parte de academias de equipas de Fórmula 1, o jovem piloto português não reconhece que esse seja um fator de pressão para o seu rendimento. “Não muda rigorosamente nada. Estou focando no que tenho de fazer em pista, e tudo o resto fica de fora da minha cabeça quando coloco o capacete e entro no carro, altura em que me foco em bater toda a gente”.

A pouco mais de um mês do início do novo desafio, que terá lugar na Austrália com o arranque da nova temporada de Fórmula 3, Ivan Domingues, diz não estar ansioso, mas sim “entusiasmado. Não encaro isso como nervosismo, nem ansiedade, nem nada. Estou só feliz e mal posso esperar para que a corrida chegue, mas primeiro estou a pensar nos treinos de Barcelona”, confessou o jovem, que acredita que dentro em breve vai estar no mais alto patamar do automobilismo. “Acho mesmo que vou chegar à Fórmula 1 dentro de três anos”.
Recorde-se que o Campeonato Mundial de Fórmula 3, que acompanha o ‘circo’ da Fórmula 1 num total de dez Grandes Prémios, arranca na Austrália a 14 março. Seguindo depois no Bahrain – Sakhir, Itália – Ímola, Mónaco – Monte Carlo, Espanha – Barcelona, Áustria – Splielberg, Grã-Bretanha – Silverstone, Bélgica – Spa Francorchamps, Hungria – Budapeste, e Itália – Monza. Cada fim-de-semana oferece duas corridas, com a particularidade de a primeira (Sprint Race) arrancar com os 12 primeiros classificados da grelha de partida em posições invertidas.
