Guenther Steiner, o ex-principal de equipa ardente e direto da Haas, não se conteve em questionar a direção—ou a falta dela—da equipa americana de Fórmula 1 que ajudou a construir do zero. Numa entrevista franca ao Ouest-France, Steiner comparou a abordagem da Haas a um “espírito olímpico”, priorizando a participação em detrimento da ambição, uma mentalidade que ele afirma ter colidido com a sua própria natureza competitiva.
Uma Parceria Fraturada: Ambição vs. Complacência
Steiner, que liderou a Haas desde a sua criação em 2014 até à sua saída em janeiro de 2024, revelou que a sua saída foi o resultado de filosofias divergentes entre ele e o proprietário da equipa, Gene Haas. Enquanto Steiner imaginava a Haas a subir nas classificações da F1 e a desafiar os seus rivais do meio do pelotão, acusou a liderança da equipa de estar satisfeita com a mediocridade.
“A minha sensação é que o Sr. Haas está contente por estar na segunda metade da classificação e simplesmente participar,” disse Steiner. “Adoro o espírito olímpico, mas isso não sou eu. Quero competir com os outros porque sou um competidor.”
As frustrações de Steiner foram alimentadas por anos a operar com um dos orçamentos mais pequenos do grid, sendo constantemente forçado a “fazer mais com menos” à medida que as equipas rivais expandiam os seus recursos. Segundo Steiner, esta falta de investimento deixou a Haas perpetuamente atrasada.
Arrependimentos? Não Exatamente. Mas Lições Aprendidas
Embora Steiner não tenha expressado arrependimento explícito, admitiu que, com a perspetiva do tempo, poderia ter deixado a Haas mais cedo.
“Talvez com o que sei agora, teria deixado a equipa em 2022. Não estávamos a ir a lado nenhum,” confessou Steiner. “Mas eu sempre dei o meu melhor, e naquele túnel, não se vê necessariamente que não se está a ir a lado nenhum.”
Apesar da crítica direta de Steiner, a Haas fez progressos modestos em 2024, terminando em sétimo lugar no Campeonato dos Construtores com 58 pontos—46 a mais do que no ano anterior. No entanto, o ex-diretor da equipa continua cético quanto à sustentabilidade do progresso da equipa sob a sua filosofia atual.
Uma Nova Era para a Haas: Parceria com a Toyota e Novos Talentos
A Haas está a apostar num futuro mais brilhante com uma série de mudanças significativas para a temporada de 2025. Entre as mais notáveis está a parceria técnica da equipa com a Toyota Gazoo Racing, assinalando o regresso do gigante japonês à F1 após uma pausa de 15 anos. A colaboração visa reforçar o programa de desenvolvimento da Haas com tecnologia de simulador melhorada e sistemas de Teste de Carro Anterior (TPC), oferecendo uma luz de esperança de que a equipa possa finalmente entrar num território de pontuação consistente.
A Haas também apresentará uma nova formação de pilotos, juntando o experiente vencedor de Grandes Prémios Esteban Ocon ao jovem talento de 18 anos da Ferrari Academy, Oliver Bearman. Bearman, que impressionou com uma performance pontuadora em Baku durante uma aparição única, representa o compromisso da Haas em nutrir jovens talentos ao lado de experiência comprovada.
A Sombra da Crítica de Steiner
Enquanto a Haas tem dado passos para evoluir, a crítica de Steiner lança uma longa sombra sobre os esforços da equipa. Os seus comentários levantam uma questão mais ampla sobre o que é necessário para prosperar no ambiente ferozmente competitivo da F1: é suficiente sobreviver, ou uma equipa deve atrever-se a sonhar maior?
Para Steiner, a resposta é clara. A sua saída foi tanto uma declaração como um movimento na carreira, sinalizando a sua relutância em contentar-se com uma equipa que prioriza a participação em detrimento dos pódios. À medida que a Haas olha para a sua parceria com a Toyota e para novos talentos de pilotos para reavivar a sua sorte, a equipa deve decidir se está pronta para abraçar a ambição que Steiner uma vez defendeu—ou se vai continuar satisfeita na metade de trás da grelha.
“Do Pit Wall à Cabine de Comentadores: O Novo Papel de Steiner”
Desde que deixou a Haas, Steiner fez a transição para um papel de comentador de media, onde o seu estilo direto o tornou uma voz de referência em assuntos da F1. Com as suas perspicazes análises e brutal honestidade, Steiner continua a agitar as águas, garantindo que a sua influência no desporto permanece tão forte como sempre—quer a Haas goste ou não.